Abstract

Este artigo contextualiza o nazismo como projeto de degradação da multiplicidade humana a partir da instrumentalização da língua alemã e consequentemente da linguagem como experiência humana. Tal contextualização se inicia apresentando os projetos amplamente conhecidos do nazismo, que se dão à sombra de Auschwitz, para, em seguida, partir à análise das observações de Victor Klemperer sobre a aplicação da LTI (Lingua Tertii Imperii) na sociedade alemã no período que envolveu o entreguerras e o final da Segunda Guerra Mundial, precisamente na cidade de Dresden, onde Klemperer viveu e repensou sua condição judaica. Por meio do uso estratégico da linguagem, o nazismo interveio nos hábitos da sociedade alemã, o que implicou a adesão popular à ideologia do Terceiro Reich, bem como provocou a legitimação da reprodução do mal naquela sociedade, enquanto projeto pervertido de cidadania. Disso resulta uma compreensão biopolítica da linguagem, na medida em que se reconhece o nazismo como doutrina do fanatismo.

Highlights

  • This paper contextualizes Nazism as a project of degradation of human multiplicity from the instrumentalization of the German language and of language as a human experience. Such contextualization begins by presenting the widely known projects of Nazism, which are given in the shadow of Auschwitz, and begin with the analysis of the observations of Victor Klemperer on the application of LTI (Lingua Tertii Imperii) in German society in the period that involved between the wars and the end of World War II, precisely in the city of Dresden, where Klemperer lived and rethought his Jewish condition

  • Through strategic use of language, Nazism intervened in the habits of German society, which implied popularly adherence to the ideology of the Third Reich, as well as provoked the legitimation of the reproduction of evil in that society as a perverted project of citizenship

  • This results in a biopolitical understanding of language, insofar as Nazism is recognized as a doctrine of fanaticism

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Summary

Introdução

Em 1947, dois anos após o final da Segunda Guerra Mundial, iniciase a publicação de escritos sobre a guerra pela perspectiva daqueles que a sofreram. Essa obra inaugural de Levi, assim como boa parte de seus escritos posteriores, mostra-se singular por descrever com fortes relatos não apenas a experiência de um sobrevivente de Auschwitz, mas, sobretudo, pelo fato de que, subjacente à sua dimensão memorialística, pulsa na escrita o compromisso de apresentar uma intensa e perturbadora reflexão ética sobre o preço moral da sobrevivência humana. Por sua vez, estava preparado intelectualmente para tentar entender a fundo os porquês de toda humilhação que sofreu, tendo a seu alcance, como base teórica e ponto de partida, a análise da linguagem. Eis então a primeira frase do prefácio dessa sua obra: Necessidades novas fizeram a linguagem do Terceiro Reich ampliar o uso do prefixo ent [des], que indica distanciamento; ele passou a ser acrescentado a alguns termos (se bem que, quando é usado, não se consegue saber se é um neologismo ou se a linguagem comum o tomou emprestado de expressões já conhecidas nos círculos especializados).[13]. Será abordado o uso do prefixo ent durante o período nazista

A estratégia do distanciamento em sociedades democráticas
A estratégia do distanciamento na sociedade nazificada
Lacunas da formação no solo fértil da linguagem nazista
A LTI como doutrina do fanatismo
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