Abstract

A fim de elucidar uma falsa dicotomia entre a filosofia e a lógica, enunciamos uma hipótese que credita a gênese de tal tensão à índole das relações (efeti-vas ou pretendidas) entre lógica e filosofia. Da relutância ao desabono, duas posturas teóricas parecem explicar o presente cenário, i.e., se um determina-do autor ou escola filosófica considera ou não a lógica parte constitutiva da fi-losofia ou se seria dessa apenas mero instrumento. Procuramos explicar as ra-zões dessa indiferença e reiteramos, por fim, como a lógica é indispensável a qualquer boa filosofia.

Highlights

  • In order to elucidate the false dichotomy between philosophy and logic, I analyze the hypothesis that credits the genesis of such concern to the nature of the relations between logic and philosophy

  • Since Brazilian philosophical scenario expresses a certain reticence and, at times, disregard towards logic, I proceed to explain the reasons for this indifference and so reiterate, how logic is indispensable to any good philosophy

  • Ao longo da história da filosofia e no compasso do alvorecer da matematização da lógica, sobretudo no século XIX, muitos estudiosos que não assimilaram essa radical transformação no cerne da disciplina passaram e vê-la como algo estranho ao seu próprio ofício, ao mesmo tempo que se sentiam capazes de desenvolver seus temas e problemas sem recorrer aos métodos da lógica de suas respectivas épocas, em especial, mais recentemente, com sua apresentação simbólica e matematizada.[17]

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Summary

Sobre as relações entre lógica e filosofia

Parece pacífico que a filosofia não possa prescindir da lógica, pois esta, argumenta Newton da Costa (1980, p. 4), em seus diferentes níveis de análise, formalismo e linguagem, codifica o caráter inferencial da atividade racional e teórica. Parece pacífico que a filosofia não possa prescindir da lógica, pois esta, argumenta Newton da Costa 4), em seus diferentes níveis de análise, formalismo e linguagem, codifica o caráter inferencial da atividade racional e teórica. Já entre os filósofos pré-socráticos encontram-se pistas valiosas que registram o nascimento da lógica entre os gregos. Foi a partir da análise minuciosa do discurso ordinário, da necessidade premente de distinguir as consequências logicamente lícitas das ilícitas, que o desenvolvimento da lógica pôs-se em movimento. Bramentos ontológicos e lógico-epistêmicos das teses parmenidianas sobre aquilo que é (τò όν), as quais configuram proto-enunciados dos princípios de identidade, do terceiro excluído e de não contradição – e acerca das vias do conhecimento –, são, assim, decisivos para toda a filosofia ocidental.[7]

A lógica enquanto instrumental para a filosofia
A lógica enquanto parte intrínseca da filosofia
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