Abstract

Comparando três décadas, este artigo descreve o contexto histórico da emergência da facção e de sua expansão na Favela Nova Holanda, em Maré, no Rio de Janeiro. Através das categorias “neurose” e “humildade”, apresenta como o quadro de referência “facção” dá inteligibilidade à vida como guerra ou paz, respectivamente. Sobre tal processo, argumenta que as operações policiais, as incursões dos “Caveirões” – carros blindados da Polícia Militar - e as disputas violentas entre facções vão se consolidando como dispositivos responsáveis por expandir o “mundo do crime”. No que diz respeito às práticas criminais, as mediações chamadas de “desenrolos” passam a configurar um espaço de interação no qual a força (armada) e a argumentação se sobrepõem e se fundem com frequência no âmbito dos conflitos.

Highlights

  • REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 31 N° 91 mirando”, “na visão deles preto na rua é bandido”

  • Um conhecido que também “foi para desenrolo” descreveu sua performance da seguinte forma: Eu estava muito tenso, mas não me abati, eu nem me reconheci na hora, não sabia que poderia agir daquela maneira, de poder me afirmar assim, na frente dos caras só de fuzil

  • 2 A Nova Holanda é uma das dezessete favelas do Complexo da Maré, localizada na Zona Norte entre as duas principais avenidas que atravessam o Rio de Janeiro, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha

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Summary

Introduction

REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 31 N° 91 mirando”, “na visão deles preto na rua é bandido”. Nessa reconstrução estabeleço momentos que caracterizam os modos de gestão do crime na favela: da Quadrilha de Jorge Negão, nos anos de 1980, à entrada do Comando Vermelho, em 1994; da disputa entre facções rivais, em 1999, à tentativa de União, em 2011.

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