Abstract

Na história da recepção e interpretação da metafísica ou da “Filosofia Primeira” segundo Aristóteles, a contribuição de autores como Tomás de Aquino e João Duns Scotus hoje em dia já é bastante conhecida. No entanto, naquelas concepções que tendem a conceber a metafísica como ou fundamentá-la com base numa teoria dos transcendentais, entendendo aquela disciplina, então, ou como onto-teologia ou como ontologia, as contribuições de Henrique de Gand e Mestre Eckhart ainda são pouco conhecidas. O presente estudo versa sobre a doutrina dos transcendentais desses dois autores, com particular apreço pela influência de Henrique de Gand sobre Duns Scotus. PALAVRAS-CHAVE – Henrique de Gand. Mestre Eckhart. João Duns Scotus. Metafísica. Objeto da Metafísica. Transcendentais. Conhecimento de Deus.

Highlights

  • RESUMO – Na história da recepção e interpretação da metafísica ou da “Filosofia Primeira” segundo Aristóteles, a contribuição de autores como Tomás de Aquino e João Duns Scotus hoje em dia já é bastante conhecida

  • The present study focuses on the doctrine of transcendentals of these two authors, with a particular interest on the influence of Henry of Ghent over Duns Scotus

  • Se os séculos XII e XIII foram claramente marcados, por um lado, pela influência da ontologia neoplatônica intermediada especialmente por Agostinho e, por outro, pela tradição da assim chamada ontologia do ato, a qual, partindo do comentário anônimo ao Parmênides, ganhou uma forma representativa na doutrina de Boécio sobre a forma essendi e inquestionavelmente atingiu o ápice da sua carreira na doutrina do ser de Tomás de Aquino, nesse caso a ontologia de Henrique de Gand aparece como o começo de uma nova época

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Summary

A nova ontologia de Henrique de Gand: a dignidade da essência finita

Nenhum autor modificou mais a ontologia medieval do que Henrique de Gand. Se os séculos XII e XIII foram claramente marcados, por um lado, pela influência da ontologia neoplatônica intermediada especialmente por Agostinho e, por outro, pela tradição da assim chamada ontologia do ato, a qual, partindo do comentário anônimo ao Parmênides, ganhou uma forma representativa na doutrina de Boécio sobre a forma essendi e inquestionavelmente atingiu o ápice da sua carreira na doutrina do ser de Tomás de Aquino, nesse caso a ontologia de Henrique de Gand aparece como o começo de uma nova época. Enquanto algo como o hirco-cervo jamais pode ter um ser verdadeiro fora do intelecto e, nesse sentido, jamais “pode ser” – porque não está dada nem a possibilidade material nem a da causa divina eficiente8 –, atribui-se ao ser qüididativo das essências finitas um “em si” (ad se) essencial, através do qual elas são capacitadas e tornadas aptas – se Deus o quiser “efetivar” – a receber uma existência verdadeira, isto é, fora do intelecto divino, um “esse existentiae”[9]. Em todo caso, Henrique parece observar naquela famosa formulação segundo a qual “aquilo que não é uma coisa em termos de determinação (res a ratitudine dicta), não é, por assim dizer, coisa alguma pelo fato de não ter nenhuma idéia em Deus; antes, ao contrário, não tem em Deus nenhum exemplar porque em si não é coisa alguma”[13]. Todo ente criado é, ontologicamente, composto de três determinações: da coisidade mais geral, que consiste na mera concebibilidade através de um intelecto criado, da coisidade de determinação interna, isto é, da essência, e do ser de existência exterior[21]

Henrique de Gand e o novo caminho do conhecimento de Deus: os transcendentais
A metafísica de Mestre Eckhart: doutrina dos transcendentais

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