Abstract

A posteridade literária bem o conhece, é verdade, em razão de seu grande nariz. Entretanto, tal nariz o permitiu farejar em conhecimento de causa algumas questões ligadas ao literário que são eminentemente modernas, e que chegam mesmo a ultrapassar o registro das Belas Letras do século XVII. Como negar, por exemplo, que os Les Entretiens Pointus lançam a suspeita sobre o unitário da verossimilhança dos gêneros icásticos? Como não reconhecer em L’Autre Monde, que projeta o leitor em estados que não são mais aqueles desse mundo terreno, a exuberância da lua e do sol literários mergulhados no genus phantasticum, em franca oposição, uma vez mais, ao gênero icástico? Esse artigo dá-se como objetivo percorrer os textos de Cyrano de Bergerac procurando ali sublinhar os elementos constitutivos de uma poética da ficção plenamente apoiada sobre a oposição, ora direta ora indireta, entre mimesis icástica tal qual concebida por Platão no Sofista e mimesis fantástica, oposição esta que abre o debate literário nesse século XVII percorrido pelas querelas sobre as possibilidades de uma ficção liberta dos cânones clássicos.

Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call

Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.