Abstract
A partir da experiência de trabalho concreta da autora na área da produção e da gestão cultural, e da análise de um conjunto alargado de entrevistas a produtores activos no campo do teatro e da dança, o artigo propõe uma revisão das relações entre criação artística e produção no campo das artes performativas. Nele se discute a necessidade de tornar visíveis os mecanismos de suporte à criação artística; a necessidade de inscrever os processos produtivos no campo ético e da solidariedade; a necessidade de uma produção emancipada, com autonomia intelectual e processual; a necessidade de resgatar as profissões de produção e gestão cultural relativamente às determinações da esfera administrativa, de pendor tecnocrata; e, de modo assumido, a urgência de um questionamento radical das formas de trabalho nas artes performativas, designadamente quanto à prevalência de modelos de trabalho demasiado hierarquizados. Reflectiremos, igualmente, acerca do posicionamento da produção e da gestão cultural no contexto do capitalismo neoliberal, cruzando reptos - provenientes tanto da teoria como da prática - a favor da repolitização da disciplina: a favor de recentrar a gestão cultural num conjunto de valores e princípios que a afastem da burocracia institucional e, simultaneamente, a libertem da sua fase ontológica.
Highlights
A partir da experiência de trabalho concreta da autora na área da produção e da gestão cultural, e da análise de um conjunto alargado de entrevistas a produtores/as activos no campo do teatro e da dança, o artigo propõe uma revisão das relações entre criação artística e produção no campo das artes performativas
AN ARTIST, A PRODUCER AND A POLITICIAN WALK INTO A BAR: WORK MODELS IN THE PERFORMING ARTS?
It discusses the need to make the support mechanisms of artistic creation visible, and argues for the need to experiment new models of work in the performing arts which take in consideration a “collaboration” ethos, and are inscribed in a territory of ethics and solidarity
Summary
Este artigo propõe-se apresentar um projecto de investigação dedicado à análise da intersecção entre criação artística e produção cultural, assumindo como ponto de partida a prática profissional consolidada da autora no meio, na convicção de que esse ponto de partida: (1) confere uma ancoragem à realidade e à actualidade do tema no contexto das artes performativas em Portugal e, (2) justifica uma opção metodológica fundamental, que se traduz na escuta aprofundada dos produtores e gestores culturais, cujas perspectivas estão muitas vezes ausentes das investigações realizadas sobre este tema, e cujo papel no ecossistema criativo está em acelerada transformação, da qual convém dar conta. Perante a insuficiência de trabalho científico consolidado sobre esta matéria, entendi ser relevante analisar os discursos produzidos pelos próprios produtores e gestores, e cruzá-los com literatura que, em Portugal e no estrangeiro, se lhe vai dedicando, oriunda tanto da academia como de publicações profissionais especializadas
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