Abstract

Este texto tem por objetivo refletir sobre as políticas públicas para as mulheres rurais num contexto de golpe político, midiático e judiciário pelo qual o Brasil passa desde 2016. Para tal, apoia-se nas correntes críticas dos estudos de relações de gênero e feminismo e aborda parte da experiência vivenciada na extinta Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais (DPMR), no extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), descrevendo as preocupações e enfoques adotados nos processos de elaboração de políticas públicas de promoção da igualdade de gênero no meio rural. Num cenário de golpe político e institucional, vê-se que as políticas para mulheres em geral e para as mulheres rurais em particular, perdem espaço na nova plataforma de governo, que é representada pela retomada de uma agenda neoliberal na qual o papel da mulher é visto como secundário em relação à sociedade e à economia. Para demonstrar isso, o texto recupera notícias de jornais (on-line) por meio de link dos sites em que foram destacados, procurando apresentar os discursos e as narrativas, ora em curso, que reforçam os estereótipos de gênero. As conclusões indicam a necessidade de novas formas de resistência e resiliência, tendo em vista o que ocorre nas academias, nas mídias alternativas, nos encontros de formação e mobilização e, principalmente, nos diferentes espaços de discussão sobre a agroecologia. Além disso, reafirmar a importância do debate sobre igualdade entre homens e mulheres, direitos humanos e direitos sexuais e reprodutivos torna-se, mais do que nunca, uma bandeira de luta, no sentido de afirmação da vida e da igualdade. Tem-se como fundamentais as manifestações em combate às diferentes formas de violência contra as mulheres que ora se apresentam de maneira desnudada face à sensação de impunidade e condescendência. Ubuntu, expressão de origem africana, tem sido recuperada no sentido de afirmação da nossa alteridade em relação ao outro: eu sou porque somos; constituindo-se num quase mantra para os tempos de golpe.

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