Abstract
Um dos maiores desafios da sociedade brasileira é o enfrentamento da questão da igualdade e da exclusão social. Estima-se que existam aproximadamente 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil (IBGE, 2010), muitas delas ainda impedidas de usufruir de atividades de lazer e de turismo devido às suas limitações físicas e à falta de adaptação do meio. O objetivo deste artigo consiste em verificar se as políticas públicas de turismo voltadas para pessoas com deficiência (PCD) têm conseguido atender as demandas por inclusão desse segmento, além disso visa obter a percepção dessas pessoas quanto ao processo de inclusão. O foco desse estudo, portanto, refere-se as pessoas que nasceram ou adquiriram algum tipo de limitação permanente, não sendo objeto desse levantamento pessoas que tiveram limitações físicas temporárias e/ou esporádicas ou ainda que possuam mobilidade reduzida. Em termos metodológicos, foi realizada uma pesquisa exploratória de caráter qualitativa por meio de entrevistas com roteiros semiestruturados. Participaram da pesquisa 9 gestores escolhidos entre representantes do Poder Público, de associações representativas do trade turístico privado e de associações de pessoas com deficiência. A partir das entrevistas com as organizações públicas, tendo em vista a diversidade das ações e suas características, foi proposta a classificação dos programas/ações de governo. Como resultados, a pesquisa aponta que o Poder Público tem atentado para a problemática e buscado criar e implementar políticas direcionadas a esse segmento. No entanto, as pessoas com deficiência consideram que o que tem sido feito não é suficiente para incluí-las, de fato, nas atividades turísticas e dizem que não estão sendo escutadas suficientemente. Todas as associações de deficientes mencionaram que as limitações/dificuldades do meio dificultam a realização do turismo. Percebeu-se ainda que a iniciativa privada não considera a pessoa com deficiência como público consumidor e que não são feitas pesquisas para conhecer o perfil e as necessidades desse segmento. Tanto a iniciativa privada quanto as associações de PCD, demonstraram pouco conhecimento em relação à legislação e às políticas que envolvem o turismo para esse segmento. Concluiu-se que, de uma maneira geral, os grupos tendem a repassar parte de sua responsabilidade aos outros grupos: o Poder Público alega que não pode fazer tudo sozinho; já os empresários não parecem muito interessados e jogam a responsabilidade da falta de acessibilidade para o governo.
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