Abstract

Nas últimas décadas, o Brasil tem vivenciado um processo de grande mobilidade sociogeográfica, o que se traduz em uma nova configuração linguística, decorrente do contato entre diferentes modalidades dialetais no mesmo espaço. Estudos mais recentes em Sociolinguística e em Dialetologia têm atestado que fatores sócio-históricos e sócio-econômicos decorrentes da mobilidade da população acarretam, por vezes, a transformação de cenário dentro dos estudos que visam averiguar os processos de variação e de mudança linguística. Nesse panorama, este texto objetiva demonstrar o comportamento linguístico, sobretudo na área do léxico, de informantes topodinâmicos, moradores atuais de Tocantins, em comparação com informantes topoestáticos naturais das doze localidades investigadas para o Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Estado do Tocantins (ALiTTETO).

Highlights

  • During the last decades, Brazil has been experiencing a process of great sociogeographic mobility, with subsequent linguistic configurations caused by contacts between different dialectic modalities within the same space

  • Nas últimas décadas, sobretudo entre 1970-2000, conforme ilustra Simielli (2006, p.121), constata-se uma intensificação desse movimento, em decorrência de vários fatores, dentre os quais se destacam: a) distâncias geográficas em um país com vasta extensão territorial; b) concentração de riquezas em algumas áreas, como as Regiões Sul e Sudeste, em detrimentos de outras, como a Norte e a Nordeste; c) expansão das atividades agropastoris e mineradoras para o Centro-Oeste e Norte, atraindo migrantes sulistas e sudestinos incentivados por programas do governo federal, com vistas à ocupação da área da Amazônia e do Oeste do Brasil

  • Este artigo descreve e analisa dados de natureza lexical, obtidos como respostas a duas perguntas selecionadas do Questionário Semântico-Lexical (QSL), e compara as variantes de acordo com os dois grupos de informantes: (i) topoestáticos e (ii) topodinâmicos

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Summary

INTRODUÇÃO

A mobilidade espacial tem sido, ao longo da história, uma característica intrínseca da maioria da população brasileira. São importantes as contribuições oriundas da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, a partir dos aspectos contrastivos entre diferentes grupos de informantes: os migrantes e os autóctones que dividem o mesmo espaço geográfico onde ocorre a pesquisa. Nesse entendimento dos fatores de mobilidade brasileira, intencionou-se, a partir da seleção de dados coletados pelo ALiTTETO – Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Estado do Tocantins (SILVA, 2018), averiguar o comportamento dialetal dos falantes que vivem no Estado do Tocantins, constituído o mais novo da federação brasileira e formado sob a égide dos processos de migração e transmigrações Do contraste entre informantes nascidos e estabelecidos nas cidades pesquisadas e os de procedência extralocalidade, buscou-se responder à questão: Identificadas as modalidades dialetais, oriundas dos dois diferentes grupos, topoestáticos e topodinâmicos, quais relações elas exercem: de covariação ou de exclusão mútua? Intenciona-se verificar se os informantes extralocalidades adaptam seu falar à realidade local ou possuem uma atitude mais centrífuga, desviando-se da variante mais local e retomando a variante de origem natal, de seu ponto de partida

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
O ESTADO DO TOCANTINS E O CONTEXTO MIGRATÓRIO INTER E INTRAESTADUAL
PERCURSO METODOLÓGICO
Discussão dos resultados obtidos mediante a análise das variantes lexicais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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