Abstract

O estudo da questão do conflito a partir da "História de Florença" nos fornece elementos capazes de mostrar que a reflexão maquiaveliana não se desenvolve de modo tão simples e linear quanto parece nos "Discursos". Com efeito, revelará que a oposição entre dois tipos de conflito - positivo e negativo - descrita nos "Discursos" se define progressivamente, a partir da análise da história florentina, como de um só tipo - trágico e violento - baseado sobre contraposições que não são possíveis de serem resolvidas em termos de uma virtù clássica, característica do primeiro período da história de Roma. Esta transformação levanta um conjunto de interrogações para as quais, de algum modo, o presente estudo pretende oferecer respostas: teria Maquiavel renunciado à ideia de conflito como fundamento da liberdade republicana e se entregado à utopia de uma ordem homogênea e estável? A que se deve atribuir o fato de as discórdias não haverem produzido em Florença os mesmos efeitos que em Roma? Seriam todas as discórdias naturais e, portanto, inevitáveis, ou poderia haver divisões "artificiais" e, portanto, evitáveis?

Highlights

  • O estudo da questão do conflito a partir da “História de Florença” nos fornece elementos capazes de mostrar que a reflexão maquiaveliana não se desenvolve de modo tão simples e linear quanto pode parecer pela leitura dos “Discursos”

  • Esta transformação levanta um conjunto de interrogações para as quais, de algum modo, o presente estudo pretende oferecer respostas: teria Maquiavel renunciado à ideia de conflito como fundamento da liberdade republicana e se entregado à utopia de uma ordem homogênea e estável? Levando em conta as consequências das discórdias sobre a vida florentina, seriam todas as divisões no seio da sociedade definitivamente prejudiciais à integridade da vida republicana? A que se deve atribuir o fato de as discórdias não haverem produzido em Florença os mesmos efeitos que em Roma? Seriam todas as discórdias naturais e, portanto, inevitáveis, ou

  • Nos “Discursos”, pelo contrário, Maquiavel chama a atenção precisamente à necessidade de a estrutura institucional prever mecanismos capazes de dar vazão ao conflito

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Summary

Introduction

O estudo da questão do conflito a partir da “História de Florença” nos fornece elementos capazes de mostrar que a reflexão maquiaveliana não se desenvolve de modo tão simples e linear quanto pode parecer pela leitura dos “Discursos”. Estas diferenças em relação aos efeitos produzidos pelos conflitos em Roma e em Florença ficam melhor esclarecidas, na sequência dos capítulos do Livro III, pela análise do tumulto dos ciompi, cardadores de lã florentinos, que abalou a cidade por três meses em 1378.6 Já foi notado

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