Abstract
O polêmico embate entre as visões opostas de Rosemary Arrojo e Paulo Henriques Britto, no campo da tradução, é exemplar na forma como se tem polarizado tentativas de subtrair tradutor e tradução a uma situação de subalternidade. Dessa dicotomia decorre com frequência a desvalorização de um dos lados a fim de legitimar o outro. Assim, neste artigo, objetivo uma alternativa a essa situação. Nesse sentido, iniciouma reflexão com base nas experiências de Carlos Drummond de Andrade, Charles Baudelaire e Paulo Henriques Britto, enquanto poetas e tradutores, buscando investigar a noção de autoria e debater o que se entende por original e tradução. Finalmente, procuro apontar uma vereda possível para evitar posições binárias: autor versus tradutor, original versus tradução. Proponho aqui debater esses termos empregando o conceito de rizoma, alocando tanto o original quanto o texto traduzido nessa rede assistemática, de proliferação horizontal, que possibilita a compreensão de relações não hierárquicas, assim como a inclusão do percurso por vezes caótico de obras como, por exemplo, os chamados “clássicos”.
Highlights
The polemical clash between the opposing views of Rosemary Arrojo and Paulo Henriques Britto in the field of translation is exemplary in the way in which attempts have been made to subtract translator and translation from subalternity
I try to point out a possible path to avoid binary positions: author versus translator, original versus translation
I propose here to discuss these terms using the concept of rhizome, allocating both the original and the translated text in this unsystematic network of horizontal proliferation, which enables the understanding of nonhierarchical relationships, as well as the inclusion of the sometimes chaotic path of works such as the so-called “classics”
Summary
No Brasil, é exemplar dessa dicotomia um embate simbólico de opiniões no campo dos Estudos da Tradução entre Paulo Henriques Britto e Rosemary Arrojo, sobretudo na questão do reconhecimento/visibilidade do tradutor, ou ainda sobre o conceito de fidelidade, o que levou a uma discussão sobre a autoria – do autor e do tradutor –, o original e a tradução. É impossível não levar em conta as contribuições do pós-estruturalismo, dos estudos culturais, dos estudos de gênero ou ainda do pós-colonialismo, a riqueza de leituras críticas das obras decorrentes de novas métodos de interpretação, a abertura para outras vozes e literaturas até então caladas, as discussões sobre as influências do Estado e das instituições sobre a formação do cânone, a história do livro e das políticas editorias, da censura e circulação clandestina de obras e assim por diante; na tradução, o seu papel, a visibilidade e a voz do tradutor, aliás, voz que está sempre presente em menor ou maior grau em qualquer tradução, com a influência de suas ideologias e crenças. As colocações do Paulo Henriques Britto, assim como o lugar peculiar que ocupa – poeta, tradutor, professor, pensador pragmático da tradução – não podem ser simplesmente rechaçadas ou tratadas como simples “onipotência”, como sugere Arrojo no título do seu artigo acima mencionado
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