Abstract

Este texto propõe uma análise teórica e das práticas históricas e socioculturais da escrita, com base no modelo de Tradição Discursiva e na prática filológico-linguística. Serão analisados Requerimentos sobre a Bahia, produzidos no século XVIII, no âmbito da Administração Pública do antigo Conselho Ultramarino. A Filologia promove o resgate e a reconfiguração de dados linguísticos em edições de textos institucionais setecentistas, considerando os modos de produção dos agentes da escrita. Ao se produzir um texto jurídico-administrativo na América Portuguesa, era preciso que o escrevente conhecesse bem o sistema do que nós chamamos hoje de Tradição Discursiva. Em outras palavras, era necessário conhecer os modos de dizer que regem a organização desse tipo de construção textual, marcado por fórmulas obrigatórias e unidades lexicais que se articulam no texto. Portanto, partindo do modelo de Tradições Discursivas, podem ser notadas certas regularidades e variações linguísticas nesse gênero textual. Nesse caminho, a ancoragem teórica deste trabalho fundamenta-se nos estudos do modelo de Tradição Discursiva (COSERIU, 1979; SCHLIBEN-LANGE, 1993; SCHMIDT-RIESE, 2010; KABATEK, 2004; 2006; 2012) e da Filologia (CAMBRAIA, 2005; MARQUILHAS, 2000; GONÇALVES, 2017; 2018; 2019). Por fim, os Requerimentos registram informações e pedidos, com base em atos legais ou de jurisprudência, apresentando-se como instrumentos relevantes na solicitação de petições da população às autoridades públicas.

Highlights

  • Este texto propõe uma análise teórica e das práticas históricas e socioculturais da escrita, com base no modelo de Tradição Discursiva e na prática filológico-linguística

  • The theoretical anchoring of this work is based on the studies of the Discursive Tradition model (COSERIU, 1979; SCHLIBEN-LANGE, 1993; SCHMIDT-RIESE, 2010; KABATEK, 2004; 2006; 2012) and Philology (CAMBRAIA, 2005; MARQUILHAS, 2000; GONÇALVES, 2017; 2018; 2019)

  • São Paulo: Pá de Palavra, 2019. v. 2. p. 28-37

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Summary

REVISTA DA ABRALIN

Tradição Discursiva, Filologia e Corpus Histórico-Diacrônico: análise de Requerimentos do século XVIII. Essa noção é reiterada por Barbosa (2012) que problematiza as diferenças entre as variadas tradições discursivas e o gênero textual-fonte: Em termos práticos, tratando dos estudos histórico-linguísticos com textos escritos pretéritos, a distinção entre TDs e gêneros é clara, quando analisamos o dinamismo entre a história social e as práticas sociais de escritas. As Tradições Discursivas são mais abrangentes, pois envolvem o gênero textual, a utilização de pronome de tratamento e o nome – por vezes, também, a localização espacial do requerente, relativa a sua vila, cidade ou Estado – além de fórmulas linguísticas de saudações finais que registram a espera de recebimento de uma graça ou benefício e singularizam os sujeitos-escreventes, dentro do âmbito institucional. Contemporaneamente, é preciso pensar que se os Requerimentos do século XVIII eram compartilhados pelos sujeitos da colônia, como estudar a Tradição Discursiva presente na história sociocultural das práticas de escrita da América Portuguesa? O quadro a seguir mostra as diferenças entre Requerimentos do século XVIII e os Requerimentos atuais: ESTRUTURA DO REQUERIMENTO PROTOCOLO INICIAL

REQUERIMENTO SÉCULO XVIII
Pronome de tratamento
Diz Dom Sebastião Manuel
SAUDAÇÃO FINAL
Diz o Capitam de Granadeiros
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