Abstract

Não desconsiderando a influência da prática teatral renascentista, especialmente da “tragi-comedia pastorale”, no nascimento e desenvolvimento da ópera, meu argumento é que Rinuccini tinha em mente o renascimento da tragédia antiga no Prólogo de <em>Eurídice</em> (1600), a primeira ópera que conhecemos, ciente de que sua produção não consistiu numa reconstrução historicamente acurada da antiga tragédia grega. Vemos no Prólogo que, de um lado, <em>La Tragedia</em> mantém em seu repertório olhares, lágrimas, lamentos de um ponto de vista puramente humano, desejando despertar no coração emoções mais prazerosas; de outro, ela propõe uma catarse por meio de um final feliz para a história. Eu não estou convencido de que, no Prólogo, nosso poeta rejeita o efeito catártico das tragédias gregas, nem que sua obra se coloque em oposição aos preceitos aristotélicos para a tragédia, como pensam muitos musicologistas e historiadores da música. Penso que, em um Prólogo que é na verdade uma <em>recusatio</em>, Rinuccini quer que sua Tragédia lance luzes sobre a natureza do prazer que a audiência obtém da experiência da tragédia. A ênfase de <em>La Tragedia</em> sobre o puramente afetivo tem a ver com certas características da dramaturgia de Eurípides, mais do que com a tragédia de Sêneca, que se tornou a força principal na moldura da tragédia renascentista.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call