Abstract

Inserido em pesquisa mais ampla sobre as sequências da sociologia política no Brasil, o trabalho destaca a obra sociológica de Maria Sylvia de Carvalho Franco. Assimilada à produção da cadeira de Sociologia I da USP, pelo seu pertencimento institucional, a obra desta autora, porém, antes problematiza que corrobora alguns dos pressupostos da teoria do desenvolvimento associados aos trabalhos de Florestan Fernandes e seu grupo. A análise de suas teses de doutorado (1964) e de livre-docência (1970), entre outros textos, indica uma visão crítica, e uma proposição alternativa, sobre a contraposição entre "tradição" e "modernidade" na análise da sociedade brasileira em virtude da gênese essencialmente moderna dessa experiência social.

Highlights

  • Em Homens livres na ordem escravocrata, Maria Sylvia de Carvalho Franco investiga as relações entre homens livres no Vale do Paraíba, ao longo do século XIX, com o objetivo principal de mostrar como, no Brasil, se constituiu um princípio mais geral de coordenação das relações sociais, que chama de “dominação pessoal”, desdobrada no Estado e nas práticas de mercado

  • Aos olhos da autora, se renovava com a autoridade das ciências sociais, especialmente a partir da adoção de paradigmas do funcionalismo norte-americano, em diferentes perspectivas, sobre a modernização que a autora acaba reunindo sob a designação de “sociologias do desenvolvimento”

  • A hipótese geral da pesquisa em que o presente estudo se insere é que a crítica de Maria Sylvia de Carvalho Franco às interpretações da sociedade brasileira identificadas com as teorias da modernização da sua época, recoloca em debate as relações mais amplas entre teoria e história na sociologia brasileira, com efeitos teóricos heurísticos para pensarmos a contemporaneidade

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Summary

Para Nísia

Em Homens livres na ordem escravocrata, Maria Sylvia de Carvalho Franco investiga as relações entre homens livres no Vale do Paraíba, ao longo do século XIX, com o objetivo principal de mostrar como, no Brasil, se constituiu um princípio mais geral de coordenação das relações sociais, que chama de “dominação pessoal”, desdobrada no Estado e nas práticas de mercado. Homens livres na ordem escravocrata: uma unidade contraditória A primeira, e talvez, mais decisiva característica da pesquisa de doutoramento de Maria Sylvia de Carvalho Franco, Homens livres na velha civilização do café, que permite problematizar a naturalização de suas relações com a orientação intelectual de Florestan Fernandes e da cadeira de Sociologia I da USP, é a recusa da autora em tratar a escravidão como um “modo de produção” que teria estruturado a sociedade brasileira, determinando todo o seu desenvolvimento posterior. Voltando a Homens livres na ordem escravocrata, com esse argumento em mente, percebemos como a ideia de “unidade contraditória”, a que a autora chegou, remete a uma compreensão sociológica afinada à historicidade do processo social, e que se a pessoalização das relações sociais e das práticas de poder não produz as mesmas sociedades que se formavam nas experiências históricas europeias, elas respondiam de modos próprios a determinações mais gerais da expansão do capitalismo e da construção da sociedade moderna. André Botelho é professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Univer- 363 sidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA-UFRJ) e pesquisador do CNPq e da Faperj

Referências bibliográficas
Fernandes da Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São
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