Abstract

Pier Paolo Pasolini acreditava que o cinema era uma arte tão revolucionária que poderia com ela iluminar os momentos históricos obscuros, unir ética e estética na criação de um tipo de ciência nova, que pudesse libertar o homem de suas trágicas opressões, e, de quebra, demolir metaforicamente as edificações de sistemas opressores. Em Teorema, na residência da elite aristocrática de Milão, Itália, o escritor insere seu Cavalo de Troia: o estrangeiro. Mas, antes de gerar morte e destruição, Pasolini está interessado na demolição de hábitos e memórias, na intenção de traçar novos caminhos, outras composições, forçando a percepção à total perda de “eficiência”, desautorizando clichês, lançando os seus personagens num universo de uma brutal novidade. Como crítico da modernidade, em Teorema, livro e filme lançados em 1968, Pasolini não vê mais novidade nas vanguardas e aponta a destruição como um caminho.

Highlights

  • Resumo: Pier Paolo Pasolini acreditava que o cinema era uma arte tão revolucionária que poderia com ela iluminar os momentos históricos obscuros, unir ética e estética na criação de um tipo de ciência nova, que pudesse libertar o homem de suas trágicas opressões, e, de quebra, demolir metaforicamente as edificações de sistemas opressores

  • Em Teorema, Pasolini continua a criticar: Do que falam os jovens de 1968 — com os cabelos de bárbaros e as roupas eduardinas, de gosto vagamente militar, e que cobrem membros infelizes como o meu — senão sobre literatura e pintura? E o que significa isso, senão evocar do fundo mais obscuro da pequena burguesia o Deus Exterminador, que a golpeia uma vez mais por culpas ainda maiores do que as de 1938? Somente nós, burgueses, sabemos ser marginais, e os jovens extremistas, passando a perna em Marx e vestindo-se no Mercado das Pulgas, só fazem urrar como generais e engenheiros contra generais e engenheiros

  • Todo o fantástico de Pasolini é para fazer da lágrima uma dor visível ou como diria Barthes (2001, p. 72-73): “através das minhas lágrimas, conto uma história, produzo um mito da dor e, a partir de então, me acomodo: posso viver com ela, porque ao chorar, me ofereço ao interlocutor empático que recolhe a mais “verdadeira” das mensagens, a do meu corpo e não a de minha língua”

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Summary

TEOREMA OU A CIÊNCIA DA ESTRANHEZA

Resumo: Pier Paolo Pasolini acreditava que o cinema era uma arte tão revolucionária que poderia com ela iluminar os momentos históricos obscuros, unir ética e estética na criação de um tipo de ciência nova, que pudesse libertar o homem de suas trágicas opressões, e, de quebra, demolir metaforicamente as edificações de sistemas opressores. O criado, com seus gostos refinados não chega a ser um trabalhador comum, por isso, se quisermos usar uma terminologia marxista ficaria mais apropriado dizer que o filme trata da exploração do homem pelo homem. 22-26), Pasolini parece bastante sóbrio ao mostrar que o amor como forma de encontrar a nós mesmos também não é uma verdade que resiste à comprovação, uma vez que todos na trama buscam a mesma metade que falta, que, por sua vez, é uma incógnita, um estranho, um estrangeiro. Em Teorema, assim ele descreve Paulo, o pai: “...os olhos já corrompidos pela hipocrisia, o topete ainda um pouco agressivo, mas já abatido por um futuro de burguês fadado a não lutar” O estranho tem a responsabilidade de trazer à tona algo que foi banido da experiência, mas que partiu dela

CADA UM
IMAGENS SOBREVIVENTES
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