Abstract

O artigo discute uma das premissas centrais do paradigma hierárquico: o princípio da reciprocidade que informa a relação entre homens e mulheres nas classes populares. Reclamando de uma homologia indevida entre este modelo interpretativo e o ethos feminino, sugere que uma tensão estrutural permeia a relação entre gêneros, e que ela encontra formulação sintética na equação: pendor feminino para o vínculo x vocação masculina para circular entre mulheres. Argumenta que estas inclinações simbólicas desencontradas são inerentes à própria fabricação do feminino e do masculino nesse contexto moral, e que são constitutivas do sistema. Recorre ao conceito de cismogênese complementar de Bateson tanto para iluminar a dinâmica da aludida tensão, quanto para especular sobre os fatores que inibem a escalada do processo cismogênico em direção ao colapso total do sistema. O artigo propõe que a tensão endêmica entre os gêneros deve ser considerada como em convivência com o preceito da reciprocidade em um mesmo plano de relevância analítica.

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