Abstract
O foco do texto é entender os usos sociais da ficção televisiva por mulheres das frações alta e média alta da classe dominante, em particular, a construção de uma feminilidade de classe, a qual é capturada pelas visões de mundo que as informantes manifestam. Tais representações se compõem de enunciados sobre as práticas cotidianas – de gestão do corpo, do trabalho e do estudo, da família e das relações amorosas – que dão sentido às práticas e as constituem. Dissertarmos sobre a incorporação das narrativas das telenovelas na formação de um capital cultural midiático que endossa o estilo de vida das mulheres heterossexuais da elite. A análise revela que a assimilação da noção hegemônica da distinção burguesa ocorre pela rejeição da figura fútil da “perua” e pela identificação com a imagem da mulher “moderna”.
Highlights
A identidade feminina se origina de processos determinados pela estrutura social e pelas subjetividades: é coletiva e individual, sendo comun. mídia consumo, são paulo, v. 16, n. 46, p. 333-353, mai./ago. 2019
Sob a ótica de uma feminilidade de classe, as mulheres abastadas usufruem de uma respeitabilidade a priori tanto nas narrativas das telenovelas quanto nas relações sociais, ainda que a conquista parcial da liberdade sexual seja motivo de insegurança em função da institucionalização das desigualdades de gênero no marco da família heterossexual (ILLOUZ, 2013)
Data de submissão: 27/09/2018 Data de aceite: 03/06/2019 comun. mídia consumo, são paulo, v. 16, n. 46, p. 333-353, mai./ago. 2019
Summary
Além da classificação de acordo com a posição de classe e da orientação sexual heteronormativa, as informantes foram distribuídas por geração. Liliane, Roberta, Neusa, Ísis e Gina foram classificadas na fração alta da classe dominante, enquanto as outras seis – Soraia, Cora, Marina, Rute, Lena e Taís – foram classificadas na fração média alta. O alto capital escolar das informantes – cinco têm ensino superior incompleto (quatro jovens e uma idosa) e quatro (uma idosa e três maduras) são doutoras, mestres ou especialistas – reflete o nível de instrução das mulheres ocupadas com superior completo ou incompleto na cidade de Santa Maria, que é superior ao da média nacional (IBGE, 2011, 2015). São eles: aprender ou aperfeiçoar idiomas (Liliane, Roberta, Rute, Neusa, Taís, Gina, Marina), estudar canto e/ ou instrumentos musicais (Cora, Gina, Lena, Ísis), graduar-se em curso superior (Cora) e aprender a utilizar a internet (Lia). Os capitais mais mobilizados para a legitimação da autoidentidade são o econômico, o cultural (intelectual e escolar) e o simbólico (gênero): riqueza, sucesso profissional, domínio ou fluência de uma língua estrangeira, inteligência, elegância, beleza
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