Abstract

Neste artigo, pretendemos mostrar como a concepção de Merleau-Ponty acerca das relações entre sujeito perceptivo e mundo muda no decorrer de sua obra. Em seu livro Fenomenologia da Percepção, publicado em 1945, Merleau-Ponty atribui a tal sujeito a capacidade de assimilar adequadamente o ser do mundo. No entanto, no início dos anos cinqüenta, seu estudo da obra do psicólogo Kurt Koffka explicita alguns resultados incompatíveis com a atribuição de tal capacidade ao sujeito. Por fim, em O Visível e o Invisível (texto final do filósofo, escrito entre 1959 e 1961, e publicado postumamente), Merleau-Ponty reconhece que as capacidades de assimilação perceptiva do ser do mundo possuem limitações.

Highlights

  • Na Fenomenologia da Percepção, Merleau-Ponty defende que o sentido das experiências fenomênicas não é ordenado pelas capacidades cognitivoconceituais dos sujeitos, mas pelas habilidades perceptivo-motoras do corpo próprio

  • Trata-se de explicitar a ordenação da experiência segundo as regras imanentes ao campo fenomenal, cuja inteligibilidade nascente nada deveria ao apre ndizado cultural.Assim, a Fenomenologia da Percepção não se limita a descrever as diversas maneiras de apreender a experiência, mas pretende revelar a lógica perceptiva geral que, por meio de regras próprias, c o o rdena a manifestação sensível do mundo

  • O mundo em si não é completamente homogêneo ao mundo para nós; a ordenação dos fenômenos pela atividade perceptiva não esgota todas as propriedades e articulações dos eventos do mundo geográfico, mas apresenta uma seleção de tais propriedades conforme as regras de segregação do campo perceptivo

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Summary

O sujeito em perfeita correlação com o mundo

Na Fenomenologia da Percepção, Merleau-Ponty defende que o sentido das experiências fenomênicas não é ordenado pelas capacidades cognitivoconceituais dos sujeitos, mas pelas habilidades perceptivo-motoras do corpo próprio. Trata-se de explicitar a ordenação da experiência segundo as regras imanentes ao campo fenomenal, cuja inteligibilidade nascente nada deveria ao apre ndizado cultural.Assim, a Fenomenologia da Percepção não se limita a descrever as diversas maneiras (culturalmente enformadas) de apreender a experiência, mas pretende revelar a lógica perceptiva geral que, por meio de regras próprias (supostamente válidas para todos os sujeitos de constituição psicofísica semelhante), c o o rdena a manifestação sensível do mundo (Cf. MERLEAU-PONTY, 1997, pp.[45-6, 59]). Essas citações veiculam a tese de que os poderes perceptivo-motores do corpo são suficientes para apresentar qualquer evento mundano, uma vez que todo ser possíve l se organizaria de modo compatível com as habilidades perceptivas. Embora Merleau-Ponty defenda que o pensamento humano, ao menos em seu uso tradicional, não seja capaz de apreender a complexidade do mundo sensível, nota-se que o filósofo substitui a correlação harmônica entre lógica e ontologia por aquela entre estesiologia e ontologia

Considerações psicológicas críticas
O sujeito ante um ser que se oculta
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