Abstract

O presente artigo procura analisar uma importante documentação realizada pela escultora Julieta de França, primeira mulher artista brasileira a conquistar o prêmio de viagem ao exterior (em finais de 1900). O álbum intitulado Souvenir de ma carrière artistique, hoje pertence ao acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, constitui uma referência para a história da arte brasileira, trazendo um conjunto variado de documentos - recortes de jornais, fotografias de obras suas, cartas trocadas com o Diretor da Escola Nacional de Belas Artes - de excepcional raridade e valor. Procura-se compreender o álbum como uma autobiografia de caráter particular, na qual a artista selecionou a documentação, organizou-a e nela inscreveu um sentido, almejando reconhecimento público de seu trabalho.

Highlights

  • This paper analyzes important documents compiled by the sculptor Julieta França, the first Brazilian female artist to be awarded with a voyage abroad

  • The album titled Souvenir de Ma Carrière Artistique [Memoirs of my Career as an Artist], part of the Museu Paulista of the University of São Paulo, is a reference as far as the history of Brazilian art is concerned because it brings together a variety of rare and invaluable documents – e.g. newspaper clippings, photographs of her own works, and letters exchanged with the Director of the National School of Fine Arts

  • The author tries to look at this album as an autobiography of distinctive character, where the artist selected, organized and attributed meaning to the documents for the purpose of obtaining public recognition for her work

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Summary

Uma autobiografia particular

Souvenir de ma carriére artistique pode ser considerado um tipo muito particular de autobiografia. Julieta de França não deixou uma única linha escrita por ela mesma em todo o álbum. A maior parte das críticas de jornais e das fotografias estão coladas ao álbum, o que possibilita uma melhor compreensão da seqüência dos fatos, eventos e memórias selecionados e organizados no sentido de conferir uma narrativa à trajetória da artista. Ainda que os primeiros documentos – um conjunto de diplomas escolares de conclusão das disciplinas por ela cursadas no segundo grau – levem a crer que o álbum seguirá nessa direção, não é bem isso que se configura. Inaugura o álbum uma carta assinada por seu primeiro professor, o pintor italiano Domenico de Angelis, atuante em Belém, datada de 1897, ano em que Julieta partira para a capital federal. Um aperto sincero de mão e não te esqueças do teu velho Professor

Domenico De Angelis
Os gêneros da autobiografia
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