Abstract
INTRODUÇÃO: O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço público de saúde, aberto e comunitário, destinado a prestar cuidado a pessoas com sofrimento psíquico grave no Brasil. OBJETIVO: Esse artigo objetiva caracterizar a experiência de sofrimento psíquico de usuários/as que abandonaram o cuidado em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial. MÉTODO: Trata-se de pesquisa qualitativa, com entrevistas em profundidade. Os/as participantes da pesquisa foram oito pessoas que deixaram de frequentar o CAPS. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo proposta por Bardin. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados mostraram que os sujeitos apresentavam o sofrimento desde a infância, mas que só foram reconhecidos como tal após a emergência de crises na adolescência e na idade adulta. Foram encontradas diferenças de gênero nas vivências de sofrimento. Foi evidenciado que os sujeitos tentaram nomear o mal-estar através de sintomas conhecidos no discurso científico e psiquiátrico vigente. No entanto, isso mostrou-se insuficiente, conforme denunciam os sintomas corporais e os acting outs, provando que algo escapa ao reconhecimento simbólico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Concluímos que, diante da necessidade de reconhecimento para o sofrimento psíquico, os serviços de saúde e a sociedade apresentaram respostas alienantes, capturadas pela racionalidade instrumental, com a objetificação das pessoas com uso de psicofármacos e com a tentativa de redução das subjetividades a identidades determinadas. Como consequência, o resultado foi a recusa, o abandono do tratamento e dos medicamentos, numa tentativa de preservar o singular.
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