Abstract

O presente trabalho discute o significado paleoambiental da Família Anemiaceae, a partir das associações palinológicas cretáceas que contêm esporos do gênero Cicatricosisporites, presentes em diversas bacias sedimentares brasileiras - Sanfranciscana, Parnaíba, Paraná, Almada e Pernambuco-Paraíba. Nas formações Areado e Codó, respectivamente das bacias Sanfranciscana e Parnaíba, a presença de palinomorfos terrestres, aliada à abundância de Classopollis em grãos isolados e em tétrade, indica deposição próxima à área-fonte em ambiente continental de clima árido e quente. A presença de Cicatricosisporites, porém sem representatividade estatística, sugere condições avessas a esse clima. Todavia, em algumas amostras da Formação Codó, observou-se a ausência de Classopollis e a presença abundante de triletes lisos e ornamentados - inclusive Cicatricosisporites - e de Perotriletes, o que sugere fases mais úmidas. No Grupo Bauru (Bacia do Paraná) apenas um exemplar de Cicatricosisporites foi registrado, em meio à abundância de grãos efedroides típicos de ambiente árido, e de triletes cingulados e zonados, indicadores de clima úmido, o que sugere uma sazonalidade no regime pluviométrico. Nas formações Urucutuca (Bacia de Almada) e Gramame (Bacia de Pernambuco-Paraíba), a presença de palinoforaminíferos e dinoflagelados indica deposição em ambiente marinho, embora grãos de origem continental também sejam encontrados. No caso da Formação Urucutuca, Cicatricosisporites foi o táxon mais abundante entre os palinomorfos continentais. Conclui-se que Cicatricosisporites pode ser indicador de ambiente moderadamente úmido, uma vez que ocorre frequentemente associado a esporos triletes lisos e ornamentados e Perotriletes. Porém, quando está associado a grãos indicadores de clima árido e seco, sua presença geralmente é estatisticamente insignificante.

Highlights

  • This paper discusses the paleoenvironmental value of the Family Anemiaceae from analyses of Cretaceous palynological assemblages containing spores belonging to the genus Cicatricosisporites

  • Estes dados complementam as informações de TRYON & TRYON (1982), que registram Anemia apenas no centro e no sudeste do Brasil

  • As amostras foram submetidas a preparações paleopalinológicas no Laboratório de Preparação Palinológica da BPA (CENPES-PETROBRAS), segundo procedimento-padrão (UESUGUI 1979), com ácidos clorídrico, fluorídrico e nítrico

Read more

Summary

INTRODUÇÃO

A Família Anemiaceae pertence à ordem Schizaeales, classe Polypodiopsida, grupo das Monilófitas que, por sua vez, faz parte das Eufilófitas. O megafóssil mais antigo associado ao gênero Anemia, com estruturas férteis portando esporos, é Pelletixia valdensis­ (Seward) Watson & Hill, datado do Valanginiano, Eocretáceo.­ Megafósseis de eixos férteis, cujas folhas não são equivalentes às de Anemia (apenas seus esporos), também foram registrados (DETTMANN­& CLIFFORD 1992). Atualmente, esse termo está sendo retirado das classificações botânicas, devido aos avanços da sistemática filogenética, que tem demonstrado sua origem parafilética, ou seja, o ancestral comum mais recente destas plantas engloba também, em sua descendência, plantas pertencentes a outros grupos botânicos, como as espermatófitas (SMITH et al 2006). Por esses esporos serem derivados de plantas que não são típicas de condições extremas (aridez extrema ou umidade extrema), as variações na característica morfológica e na representatividade dentro da associação palinológica podem indicar alterações sutis ocorridas em seu ambiente de vida

O gênero Cicatricosisporites
Características dos esporos atuais de Anemia
Ecologia e distribuição geográfica atual de Anemia
Paleoecologia e distribuição paleogeográfica de Anemia
MATERIAIS E MÉTODOS
Preparação das amostras
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call