Abstract

Este artigo aproxima os romances Fogo morto (de 1943), de José Lins do Rego, e Cidade de Deus (de 1997), de Paulo Lins, explorando a hipótese de que, ao figurarem aspectos de processos de crise social, as narrativas acionem a violência como mediação privilegiada das relações entre os indivíduos e destes com o Estado. Nesses termos, os conflitos em torno da autoridade e do poder estabelecem os nexos entre forma literária e processo social, possibilitando uma análise dos limites à efetivação dos direitos sociais e, consequentemente, da afirmação da igualdade como princípio regulador da vida republicana brasileira.

Highlights

  • Tratando seriamente a sugestão de Paulo Lins, que foi timidamente estudada por sua fortuna crítica1, resolvemos explorar possibilidades comparativas entre sua obra e a do romancista paraibano

  • MEANINGS OF THE CRISIS: LITERATURE AND SOCIAL PROCESS IN TWO BRAZILIANS NOVELS, FOGO MORTO AND CIDADE DE DEUS Abstract: This paper approaches the novels Fogo morto (1943) by José Lins do Rego and Cidade de Deus (1997): a novel by Paulo Lins to explore the hypothesis that the narratives deals with aspects of processes of social crisis and, by doing so, trigger violence as privileged mediation of relations between these individuals and the state

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Summary

Mariana Miggiolaro Chaguri e Mário Augusto Medeiros da Silva

Fiquei encantado com Balzac, Dostoievski, aí tem o Marçal Aquino, o Mauro Pinheiro [...] Tem Guimarães Rosa, Lima Barreto, Machado de Assis. José Lins do Rego tem o Fogo morto, esse livro é de uma poesia. Sentidos da crise: literatura e processos sociais em Fogo Morto e Cidade de Deus poema “Procura da poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, “penetra[-se] surdamente no reino das palavras”. Esse preâmbulo visa introduzir o problema que se discutirá neste artigo: as possíveis relações existentes entre dois autores brasileiros, viventes de tempos e espaços muito diferentes, estranhos pessoalmente um ao outro, José Lins do Rego (1997 [1943]), com Fogo morto, e Paulo Lins (1997), com Cidade de Deus. Este afirma, em entrevistas concedidas e encontros literários, que seu Cidade de Deus é, 170 em muito, devedor e próximo do propósito, estruturas, construções de personagens e da atmosfera criada em Fogo morto.

Estatuto da comparação
MARIANA MIGGIOLARO CHAGURI
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