Abstract

O português marca sufixalmente, em nomes e adjetivos, o valor de plural. No entanto, nalgumas palavras, um mecanismo de alternância vocálica ([o]/[ɔ]) colabora na marcação das oposições de número. Pretendese, então, neste trabalho, dar conta das questões descritivas associadas a esse mecanismo, relacionando a sua dimensão sincrónica com as suas coordenadas históricas. Para tal, i) analisar-se-á a questão fonológica subjacente à alternância; ii) prestar-se-á atenção à sua dimensão morfolexical; iii) apresentar-se-ão os aspetos históricos que, entre outras coisas, dão sustentação empírica às análises sincrónicas. Observar-se-á, então, que um processo histórico de assimilação leva à constituição do mecanismo em análise, mas que fenómenos posteriores de analogia complexificam o seu funcionamento, determinando diferentes rumos de mudança. Dar-se-á relevo ao facto de a assistematicidade no estabelecimento de analogia(s) e o caráter lexicalmente idiossincrático da alternância [o]/[ɔ] conduzir à existência de hesitações e usos variantes. Ao mesmo tempo, mostrar-se-á que a dimensão ortoépica que a questão assume não é necessariamente regulada pelas diferentes fontes codificatórias, em muitos casos dissimuladoras da complexidade dos usos.

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