Abstract

O objetivo deste artigo é empreender uma breve análise da relação entre o rosto e a presença de espelhos na obra do realizador brasileiro Walter Hugo Khouri. Os rostos na obra khouriana muitas vezes se mostram impassíveis e difíceis de decifrar, ao mesmo tempo em que o diretor cria diversas cenas em que as personagens observam os próprios rostos refletidos em espelhos, gesto que pode ser associado a figuras míticas como a do Narciso e à ideia da mortalidade. Propomos aqui investigar algumas sequências de reflexão especular a partir do conceito de mise en abyme e acerca de como o aparato de produção e reprodução cinematográficos contribuem para uma duplicação infinita do caráter enigmático do rosto operada por essas três superfícies: rosto, tela e espelho.

Highlights

  • Introdução O primeiro contato com a obra bergmaniana – o filme Noites de Circo (Gycklarnas Afton, Ingmar Bergman 1953) – pouco depois de dirigir o longa-metragem de estreia, O Gigante de Pedra (1953), deixou marcas profundas no cineasta brasileiro Walter Hugo Khouri, que se impressionou pela “natureza filosófica” do diretor sueco, como descreve em entrevista ao crítico Ely Azeredo: Já confessei muitas vezes que Noites de circo foi um dos maiores impactos artísticos que já experimentei

  • Esse distanciamento voluntário acabou rendendo-lhe a pecha de cineasta “equivocado” (Glauber Rocha cit. in Silva 2014, 414), dada por críticos e colegas de profissão, muitos deles ligados ao movimento cinema novista

  • Antes de Noite Vazia, ela atuou em diversos filmes, entre eles O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte 1962), vencedor da Palma de Ouro em Cannes, e Os Cafajestes (Ruy Guerra 1962), considerado o único blockbuster do Cinema Novo, em que Bengell protagonizou o primeiro nu frontal do cinema personalidade[22]; assim como não podemos ignorar o sous-jeu naturalista empreendido pela atriz, nas breves expressões que animam sua face em alguns momentos da sequência

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Summary

Introduction

Introdução O primeiro contato com a obra bergmaniana – o filme Noites de Circo (Gycklarnas Afton, Ingmar Bergman 1953) – pouco depois de dirigir o longa-metragem de estreia, O Gigante de Pedra (1953), deixou marcas profundas no cineasta brasileiro Walter Hugo Khouri, que se impressionou pela “natureza filosófica” do diretor sueco, como descreve em entrevista ao crítico Ely Azeredo: Já confessei muitas vezes que Noites de circo foi um dos maiores impactos artísticos que já experimentei. Após o último close-up de Marta – que ri e faz movimentos sensuais com a língua para provocar Marcelo –, Khouri enquadra o personagem principal em plano americano, do lado do espelho, e aguarda o momento em que o ator se aproxima intencionalmente do objeto para ver a própria imagem.

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