Abstract

Resumo O artigo discute a produção de rodas de conversa como técnica em pesquisa qualitativa na área de educação, problematizando-a desde incursões de inspiração etnográfica em contextos de periferia urbana. Para efeito da argumentação proposta, toma-se a interlocução construída com moradoras idosas de um bairro de Porto Alegre/RS, entre os anos de 2014 e 2016, mediante a realização de encontros em seus locais de residência. Consideraram-se as contribuições de Georg Simmel e Michel de Certeau para reflexões sobre a produção da “conversa sociável” e acerca das “artes de dizer” populares, respectivamente, propondo uma interpretação da dinâmica da conversação e da forma da narração. Neste sentido, no percurso metodológico narrado, destaca-se a defluência cultural da “conversa” e, para o caso em análise, aventa-se a associação da dinâmica das rodas coproduzidas à atuação daquelas mulheres no âmbito comunitário e consonante a uma estética relacional em prol dos laços de reciprocidade em seu cotidiano.

Highlights

  • A proposição de rodas de conversa tem sido um dos modos de consubstanciar dialogicamente intentos educativos e sistematização de informações desde uma dinâmica que, potencialmente, estabelece condições para a produção de saberes e reflexividades em partilha

  • Acreditamos que as expectativas culturais associadas à fotografia analógica, registros supostamente dignos do “belo”, do “extraordinário” ou do “importante” (Martins, 2009), apoiaram-nos nuançando os depoimentos, variando os relatos sobre as experiências da localidade

  • E é desde tais tomadas de posição, sobretudo, que entendemos oportuno analisarmos a dinâmica das conversações e a forma das narrações

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Summary

Sobre rodas de conversa e sua apropriação

Em que pese verificarmos um uso crescente das rodas de conversa entre práticas educativas e de pesquisa, as formas assumidas quando de sua operacionalização podem variar consideravelmente. Há também uma ênfase na participação ou mesmo no protagonismo dos integrantes das rodas, visando partilha de saberes e reflexividade sobre experiências individuais ou coletivas. Advém certa diretividade na organização das rodas, o que pode variar significativamente quanto à intensidade e aos modos de condução: encontramos casos baseados apenas na delimitação de eixos iniciais para debate, bem como a organização detalhada de dinâmicas de grupo e disposição de frases para interpretação e interlocução. Referências sobre grupos focais são tomadas para delimitar o modo de ação em campo: foco no assunto em pauta, ambiência aberta às discussões, construção de relação de confiança com o moderador, entre outras. Entretanto, no que concerne à sistematização das informações partilhadas, se, por um lado, entendemos que a repetição pode ser mais profícua na interlocução com um mesmo grupo, aprofundando conhecimento de sua realidade social, a realização de rodas de conversa com agrupamentos distintos, por outro, demandaria cuidados adicionais. Sem perdê-los de vista, então, a proposição de leitura de inspiração etnográfica das rodas de conversa que construímos orienta-se a partilhar determinado modo de fazer e elementos outros a considerar

As rodas e a inspiração etnográfica
Contexto e interlocutoras
As nuances na participação
Reflexões sobre a dinâmica e a forma
Considerações finais
Referências consultadas
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