Abstract

A contenda entre Espanha e Portugal pela definição da posse das regiões limítrofes das colônias da América foi acompanhada de políticas distintas no tocante ao comércio entre vassalos de ambos os impérios. Na segunda metade do século XVIII, na região do vale do rio Guaporé (centro da América do Sul), ao passo que havia rigorosa proibição ao contrabando por parte da Coroa espanhola, a Coroa portuguesa estimulava veladamente o comércio ilegal, que se tornou intensamente praticado por mercadores, missionários, militares e mesmo governadores. As missões de Mojos e Chiquitos e as regiões de Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba e La Plata, embora produtoras de gado, sebo, mulas, cacau, cera, algodão e açúcar, sofriam com a escassez de artigos europeus devido ao monopólio comercial espanhol, situação que encorajava missionários e comerciantes a procurar fornecedores alternativos. Por sua vez, os portugueses, estimulados pela Coroa, contavam com pedras e metais preciosos das minas de Mato Grosso para adquirir os artigos de primeira necessidade indispensáveis ao abastecimento do Forte Príncipe da Beira, circunstância que propiciava uma articulação com os interesses de setores locais dos domínios espanhóis. Neste texto analiso os impactos do contrabando sobre instituições administrativas, comerciantes e povos indígenas desde o período pós-jesuítico, auge do contrabando, até a administração dos últimos governos reformistas espanhóis, responsáveis por tentativas de interdição.

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