Abstract

Resumo Tomando como pretexto o culto ecumênico celebrado em 1975 na Catedral da Sé em repúdio à morte do jornalista Vladimir Herzog e o ato inter-religioso que relembrou sua morte em 2015, na mesma catedral, procuraremos neste artigo analisar como determinadas “estratégias de ritualização” produzem sentidos cívicos por meio da interpelação e da produção de diferentes públicos. A análise das estratégias rituais colocadas em movimento nestes dois atos pretende, por um lado, mapear as figuras que, por ocasião desses atos, assumem a fala pública em diferentes contextos e, por outro, determinar sua função em cada cena. Partimos da hipótese de que a configuração do que está sendo mobilizado como vontade coletiva e o seu sentido político e/ou religioso dependem das formas de endereçamento produzidas nas sequências rituais. Nesse sentido, este trabalho não pretende tratar do papel da Igreja Católica na luta contra a ditadura militar - tema já profusamente debatido na literatura - mas sim, tomando estas “situações” como um ponto de partida, localizar as dinâmicas através das quais os rituais categorizam e fazem existir diversos formatos de coletividades políticas. Desta forma, pensamos ser possível, a partir da análise comparativa de dois casos concretos e bem circunscritos, localizar alguns elementos-chave na configuração recente do espaço público político da sociedade brasileira.

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