Abstract
Resumo:Recentemente, a tradição sociológica de Bourdieu tem despontado como uma tendência importante na pesquisa em educação em ciências. Neste artigo, apresentamos algumas das críticas de Bernard Lahire à abordagem de Bourdieu. O propósito central de nossa incursão pelas críticas de Lahire é introduzir e argumentar a metodologia dos retratos sociológicos como recurso importante para a pesquisa em educação científica. Após a descrição dessa metodologia, ela é exemplificada com um retrato sociológico aplicado ao estudo da evasão em um curso de licenciatura em química. O retrato de Diogo ilustra, no nível empírico, algumas propriedades básicas atribuídas às disposições individuais (variabilidade, gênese, transferibilidade, dicotomia e contextualidade). A partir desse retrato, ilustrou-se como a ressonância entre as disposições do aluno e da instituição de ensino permite explicar seu sentimento de adesão e pertencimento ao curso. Em seguida, são sublinhadas outras potencialidades dos retratos sociológicos para os propósitos da pesquisa em educação científica.
Highlights
Bourdieu’s sociological tradition has emerged as an important trend in research in science education
A partir dos prolongamentos críticos lançados por Bernard Lahire (2002, 2005), é possível reconhecer que as ideias de Bourdieu precisam ser reenquadradas se quisermos realizar análises sociológicas à escala individual
Considerando essas potencialidades, acreditamos que a adoção dos retratos sociológicos seja frutífera para as pesquisas em educação em Ciências que pretendam uma análise sociológica das práticas individuais, inscrevendo a experiência com a educação científica no conjunto da experiência social de cada ator
Summary
Embora qualquer teoria sobre grupos sociais sempre pressuponha a existência de pessoas de carne e osso, a individualidade dessas pessoas pode ser considerada um objeto bastante contemporâneo para o tratamento sociológico. Poderíamos descobrir que Matheus mantém disposições bastante heterodoxas em todos esses contextos, questionando: as restrições alimentares impostas a seus netos, a competência técnica atual dos jogadores brasileiros de tênis profissional, tão bem como a qualidade musical da grande indústria cultural. Forjada nessa variedade da experiência social típica das sociedades diferenciadas, a individualidade compreenderia justamente esse patrimônio heterogêneo, essa combinação singular das disposições e competências que os indivíduos adquirem neste e naquele contexto ao longo do seu processo de socialização. Mais que sociologicamente compreensível, a individualidade (constituída das variações individuais dos patrimônios de disposições e competências) é sociologicamente necessária em formações sociais diferenciadas por resultar da variedade e heterogeneidade da experiência social incorporada. Partindo do pressuposto de que as disposições são sempre e prontamente transferíveis, o pesquisador pode inverter o processo da investigação, deixando de comparar contextos diferentes e deixando de gerar a evidência necessária para perceber o que somente essa comparação poderia revelar: (1) se a transferência da disposição em questão ocorreu efetivamente entre os dois contextos; (2) o que efetivamente está sendo transferido de um contexto a outro
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