Abstract
Este artigo discute as (im)possibilidades de aproximação entre o Culto do Divino Espírito Santo em Portugal e as Festividades do Divino, em Pirenópolis, Goiás, por meio do cotejamento de fontes como a Monarchia Lusitana, Concordatas Régias e obras historiográficas do século XVII e períodos posteriores. Nossas hipóteses apontam, de um lado, para uma pesquisa mais aprofundada das relações entre judeus e cristãos no reino de D. Dinis (1279-1325) e da rainha Isabel de Aragão (1282-1336)1, considerando a participação dos judeus no culto do Divino, em Portugal. De outro, assinalam para a necessidade de apreender o processo de (re)constituição das raízes portuguesas da Festa do Divino em Pirenópolis, bem como para a necessidade de [re]discussão dos processos de patrimonialização. O Culto teriasido organizado pelo monarca D. Dinis sob a égide da rainha Santa Isabel, institucionalizando um Império do Divino, através de um cerimonial que se tornou célebre por todo o reino e uma manifestação que possibilitava o exercício de certas práticas religiosas não católicas pela ressignificação dos símbolos, rituais e da própria data da festa que coincide, por exemplo, com a celebração do Pentecostes pelos judeus e a descida do Espírito Santo pelos cristãos. Em Pirenópolis, a partir da década de 1970, a festa foi atualizada, retomando e reinventando suas associações com a Europa Medieval. [1] Essa primeira data, se refere ao ano de sua chegada a Portugal, pois em 1281 se casou por meio de procuração continuando em Aragão e só no ano posterior consumou o seu casamento indo habitar em terras lusitanas.
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