Abstract

O presente estudo trata das orações relativas da língua Nheengatú ou Ingatú, falada como primeira língua por aproximadamente 1.300 baníwas e 1.000 werekénas na região do Alto Rio Negro, e por aproximadamente 5.600 barés no Alto Rio Negro e no Médio Rio Negro. Rodrigues (1986) foi o primeiro linguista a tratar dos efeitos do contato do Nheengatú com o Português ao longo de 300 anos, destacando, como resultado desses efeitos, o desenvolvimento de orações relativas em Nheengatú. No presente estudo, com base em Keenan e Comrie (1977, 1979), Keenan (1985) e Payne (1997) descrevo as Orações Relativas do Nheengatú demonstrando que, nessa língua, sujeito, objeto direto, objeto indireto, oblíquo e nome possuído são relativizáveis, que as orações relativas são externas ao núcleo e que o sintagma nominal relativizado na oração relativa pode exercer as funções de sujeito, de objeto direto, objeto indireto e oblíquo. Mostro também que, em Orações Relativas do Nheengatú, que têm por núcleo um nome ou um adjetivo, o sintagma nominal relativizado é representado por uma lacuna (gap), podendo também ser representado por um pronome demonstrativo em certas condições.

Highlights

  • The Nheengatú language, a modified version of the ancient Tupinambá spoken in the 17th century from the coast of the state of Maranhão to the lower Tocantins river, state of Pará, developed as a lingua franca, under the influence of Portuguese and speakers of different Indigenous languages that have adopted it, either as a first language or as an additional language

  • Among the various changes that occurred in the history of Tupinambá to the modern Nheengatú, the development of relative clauses under the influence of Portuguese, is of interest to typological and historical linguistic studies due to their innovative peculiarities, and especially because of the available reference to the structures of ancient Tupinambá, allowing the identification of the nature and directions of the changes that occurred

  • The present study addresses the relative clauses of the Nheengatú language in a descriptive and typological perspective, based on data collected in the city of São Gabriel da Cachoeira, headquarters of the municipality of São Gabriel, Amazonas, together with two women of Baré origin, for which Nheengatú is the mother tongue and presents itself as a more conservative variety of the language

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Summary

Introdução

O presente estudo aborda as Orações Relativas (ORs) na língua Nheengatú (Ingatú). Na literatura sobre o tema, em que se destacam, entre outros, Keenan & Comrie (1977), Keenan (1985) e Givón (1990), uma OR é caracterizada como uma oração subordinada que funciona como modificadora atributiva de um nome, nome este, cabeça (antecedente) da OR. Na situações em que a posição relativizada na ORs é a de sujeito de verbos transitivos e intransitivos, prefixos pessoais no núcleo dos predicados estabelecem uma relação anafórica com a cabeça da OR, como propõe Lehmann (1986). Em Nheengatú, como em outras línguas da família Tupí-Guaraní, predicados nominais e atributivos podem se constituir apenas por seu núcleo, que é um nome ou um “adjetivo” 8, respectivamente, que passam a ter, nessa estrutura, a função de verbo. Caso exemplar para demonstrar o funcionamento tanto das estratégias de nominalização na língua, quanto das propriedades predicativas de um nome no Nheengatú, é a estrutura (16), em que se observa um sintagma preposicional nominalizado funcionando como predicado nominal da OR: 16) s-úka [táypa suí-uwára waá] u-káj.

A recuperação do nominal relativizado
O pronome indefinido awá como complemento de posposição em ORs
O pronome demonstrativo ñã
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