Abstract

Este artigo discute a nova divisão sexual do trabalho que resulta do processo de reestruturação produtiva na indústria metal-mecânica, enfatizando seus impactos sobre as condições de trabalho e de saúde das mulheres trabalhadoras. A pesquisa de natureza qualitativa, que foi realizada em plantas de diferentes tamanhos nos setores de autopeças e eletroeletrônico, no ABC paulista e em Campinas, examinou as novas formas do trabalho feminino como resultado da introdução de novas práticas gerenciais e de inovações tecnológicas. Foram também investigadas as percepções das trabalhadoras sobre as mudanças no seu trabalho e nas suas condições de saúde, com o propósito de compreender a relação entre novas formas de organização do processo de trabalho e o aprofundamento do sofrimento psicofísico no trabalho. Concluiu-se que o processo de reestruturação das empresas estudadas tem um claro bias de gênero na medida em que os lugares ocupados pelas mulheres na nova divisão do trabalho contribuem para aumentar a deterioração das suas condições de trabalho. Nas fábricas pesquisadas as trabalhadoras estão mais concentradas nos postos com salários menores, sob condições de trabalho ruins e sem proteção contra os riscos derivados das atividades desempenhadas. O artigo mostra que há uma nítida relação entre as mudanças nas condições de trabalho das mulheres e o crescimento de problemas de saúde e de doenças ocupacionais (como as LER e o estresse, entre outras).

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