Abstract

A filosofia clássica alemã desenvolveu uma ‘viragem histórica’ da filosofia transcendental de Kant. Uma das bases desse movimento é a teoria da história que Fichte desenvolveu a partir de elementos a priori. Mantendo a compreensão da história como processo de efetivação da liberdade, Hegel concebeu a filosofia da história não como o estabelecimento de leis para os acontecimentos históricos, mas como a deteção do fio da razão nos factos empíricos. Este artigo procura mostrar como Hegel, aceitando a presença substancial do mal na história humana, concebe a possibilidade de uma reconciliação com os factos da história universal, entendida como o processo de transformação do poder em instituições de reconhecimento.

Highlights

  • German classical philosophy has promoted a ‘historical turn’ of Kant’s transcendental philosophy

  • One main basis for this movement is Fichte’s theory of history, which was grounded on a priori elements

  • Accepting Fichte’s understanding of history as the realization process of freedom, Hegel conceived the philosophy of history not as the establishment of laws for history, but as the detection of the thread of reason in the empirical facts

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Summary

A história como projeto do idealismo alemão

O projeto de transformação da filosofia transcendental num pensamento de tipo histórico atravessou todo o idealismo alemão após Kant. Porque a identidade provém sempre de algo de diferente dela, de um indeterminado, ela pressupõe o seu oposto, o não-idêntico, sendo então possível integrar o pensamento bem definido e imóvel do ser metafísico, com a mobilidade da intuição real.[4] Em Hegel, é bem conhecida a reivindicação do “movimento do conceito” como condição da sua exposição pura.[5] E em Schelling encontraremos, por exemplo, como crítica a Hegel, a acusação de que neste não se encontra verdadeiro movimento de conceitos, mas apenas uma pálida aparência de devir, um “falso movimento”.6. Como refere Schelling, “todo o nascimento é feito a partir da obscuridade para a luz.”[8] Por esta ideia de devir, muitas dualidades filosóficas fundamentais, na metafísica ou na epistemologia, podem ser tratadas de modo sistemático. Podem ser relevantes por outras razões, podem ser recordados em vista de outros interesses mais particulares, mas não constituem história universal filosoficamente considerada – e esta é uma fonte de incompreensão da filosofia da história de Hegel

O retorno aos factos
O mal e a reconciliação
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