Abstract

Se é verdade que Espinosa pertence à história da Filosofia judaica, seu conceito de Deus não pode deixar de ser, também ele, “judaico”. Nosso objetivo aqui é (após considerar a condição de Espinosa como judeu, filósofo, “ateu”, filósofo judaico e judeu moderno) questionar se o conceito espinosano de Deus exposto nas definições da Ética tem algo de judaico, particularmente diante das concepções deixadas por alguns dos principais filósofos das tradições judaica e árabe medieval: Saadya, Avicena, Ibn Gabirol, Halevi, Maimônides e Crescas. Nossa resposta, ao final, é negativa.

Highlights

  • É o caso de incluirmos o tema do Deus de Espinosa, e considerar se por este Deus Espinosa pode ou não ser enfim considerado filósofo judaico para além de ser um judeu filósofo

  • Certamente Deus é o conceito mais importante da filosofia espinosana, o que também significa dizer que é o conceito que envolve todos os demais, também por ser conceito disso que é causa de tudo o que há, inclusive ele mesmo

  • Se no Tratado teológico-político Espinosa tem de usar de uma série de artifícios para driblar retoricamente quaisquer resistências de típico leitor-teólogo, na Ética tudo está exposto diretamente à nossa mente e ao nosso corpo, sendo-nos impossível recusar as verdades eternas que Espinosa nos apresenta sem necessidade de intermediação profética.A experiência mostra e a razão demonstra, no Tratado teológico-político e na Ética, que esse Deus imanente e necessariamente existente é o que mais somos aptos a desejar e livremente amar

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Summary

QUÃO JUDAICO É O DEUS DE ESPINOSA?

Na natureza não acontece nada que seja contrário às suas leis universais, ou até que não esteja de acordo ou que não seja uma consequência delas. Não apenas o ingresso textual de Espinosa no ambiente da filosofia judaica é complementar à formulação de seu projeto filosófico principal (cujo resultado principal é a Ética), como a escrita do Tratado visa responder a fatos externos a esse projeto filosófico fundamental, quais sejam, uma primeira boataria a respeito de Espinosa ser ateu (algo relevante não por conta de relações com a comunidade judaica, pois estas não existem mais, mas por conta de sua relação com seus amigos, todos cristãos e interessados em temas que também tocam a tradição judaica, à qual os amigos de Espinosa não tinham acesso textual direto), a ameaça à liberdade de pensamento que se percebia com intensidade cada vez maior nos Países Baixos, outrora tão admirados pelo espírito de tolerância, e a morte de seu amigo Adriaan Koerbagh decorrente de sua condenação pelas autoridades civis por força da publicação de um dicionário satírico que imprudentemente antecipava várias noções de Espinosa. É o caso de incluirmos o tema do Deus de Espinosa, e considerar se por este Deus Espinosa pode ou não ser enfim considerado filósofo judaico para além de ser um judeu filósofo

o deus de espinosa
quão judaico é o deus de espinosa?
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