Abstract

O artigo é uma reflexão sobre o modo como, na "Genealogia da Moral", Nietzsche repensa "o problema estético" a partir da oposição entre a concepção kantiana do belo como predicado de um juízo "desinteressado" e a concepção stendhaliana do belo como efeito de uma "cristalização" e uma "promessa de felicidade". A chave do pensamento de Nietzsche neste contexto está no conceito de "embriaguez" (Rausch), por um lado, como termo-chave para designar a "pré-condição fisiológica" da arte, mas, por outro, como um processo de espiritualização dos instintos ou das pulsões que as interioriza e intensifica. Esta espiritualização distingue-se da contemplação desinteressada porque não nos des-afecta e porque é, em grande medida, uma espiritualização da sexualidade, mas não deixa, por isso, de implicar uma reavaliação dos valores e uma ampliação do horizonte do humano. É por isso que a arte pode ser pensada como um "contra-movimento" que afirma a vida e combate o "ideal ascético" e o "niilismo europeu".

Highlights

  • No capítulo 6 do Terceiro Ensaio da “Genealogia da Moral” – onde se trata da questão do “interesse” e da concepção kantiana e schopenhaueriana do juízo estético como um juízo “desinteressado”, Nietzsche repensa “o problema estético” como uma oposição entre Kant e Stendhal (GM III 6)

  • Se ao menos os filósofos do belo conhecessem bem este ‘espectador’...! Ou seja, se conhecessem nele uma experiência pessoal grande, um facto pessoal grande, uma enorme quantidade de vivências, de desejos, de surpresas, de encantamentos singulares e intensos, no plano do belo! Mas temo bem que tenha acontecido sempre o contrário: e assim, o que têm para nos dar são, desde o princípio, definições em que a falta de uma experiência pessoal com alguma subtileza reveste a forma do verme gordo que habita as regiões do erro radical, como

  • De facto, aqui uma pura contradição, ou Schopenhauer distingue dois sentidos de belo? Num primeiro sentido, o belo seria, por assim dizer, um evento natural – uma projecção antropomórfica e uma ilusão subjectiva induzida pelo instinto sexual, mas, no seu sentido propriamente estético, seria o efeito apenas cognitivo ou espiritual da contemplação da pura forma dos objectos

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Summary

Introduction

No capítulo 6 do Terceiro Ensaio da “Genealogia da Moral” – onde se trata da questão do “interesse” e da concepção kantiana e schopenhaueriana do juízo estético como um juízo “desinteressado” –, Nietzsche repensa “o problema estético” como uma oposição entre Kant e Stendhal (GM III 6). Este poder de idealizar e fazer aparecer perfeições é o que, por fim, aparece espelhado nas coisas que se sente serem belas, e isso quer dizer que tais perfeições são reflexos, espelhos, imagens do sentimento da nossa perfeição, da nossa beleza, do poder do instinto mais básico da nossa espécie.10 Portanto, a subjectividade do belo significa que ele é um antropomorfismo, uma projecção antropomórfica – a “vaidade da espécie”.

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