Abstract

Do “desenvolvimento sustentável” à “mudança climática global”, passando por problemas ambientais os mais diversos, os vínculos entre “natureza” e sociedade” parecem estar na ordem do dia. Diante desse quadro, poder-se-ia pensar que os geógrafos deveriam ter muito a dizer sobre os desafios que se colocam para tanta gente pelo planeta afora; afinal de contas, a Geografia traz, no cerne de sua identidade e como uma de suas tradições mais inconfundíveis, a pretensão de promover uma ponte entre o estudo da natureza e o estudo da sociedade. No entanto, curiosamente, justo na hora presente, a maioria dos geógrafos dá a impressão de ter desertado daquele tipo de debate. Poucos são os que parecem ainda acreditar valer a pena investir no diálogo de saberes simbolizado pelo ideal de uma “ciência-ponte”. Como se chegou a essa situação? Seria ela irreversível, mesmo que só parcialmente? Em caso afirmativo, em que termos? Com uma potência provavelmente ímpar, o discurso geográfico pode, a despeito de suas debilidades e de seus impasses contemporâneos, demonstrar o quanto os vocábulos “natureza” e “sociedade”, por mais incontornáveis que sejam, possuem conteúdos inescapavelmente relacionais, não precisando corroborar nenhum pensamento dualista. De várias maneiras, talvez a relevância e o prestígio da Geografia dependam, em grau crescente, de os geógrafos saberem voltar a explorar tal potencial, valorizando temas e problemas “híbridos”, ainda que decerto em novas bases epistemológicas e teóricas.

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