Abstract
A pesquisa, cujos resultados são apresentados neste trabalho, foi realizada nos meses de maio e junho de 2006. Nove entrevistas, com duração média de 40 minutos, foram realizadas na comunidade de Nova Colina, periferia de Sobradinho, cidade integrante do Distrito Federal. É importante para nós compreender como a mulher elabora mentalmente e vive emocionalmente seu trajeto migratório, tanto quanto a percepção que ela faz das mudanças que imprime a esse itinerário, decorrentes das dinâmicas externas e internas de adaptação e integração à nova sociedade. Relevantes também são as mudanças impressas no itinerário e as relações decorrentes da função simbólica e psicofísica da maternidade nesse processo. Segundo Bourdieu (2004), a cultura somática de cada grupo determina seus comportamentos, portanto, desnaturalizar a maternidade é possibilitar a perspectiva de que, mesmo a reprodução, entra no “sistema das relações entre as diferentes dimensões do comportamento corporal (que) implica na ruptura com a situação prática definida por uma necessidade social”. A repetição da seqüência: migrar, apaixonar-se e ter filhos acarreta em um volume crescente de rupturas, desorganizações estruturais e filhos sob a responsabilidade da mulher, integrando em si as marcas dos sofrimentos vividos, como traços de um passado latente que se torna presente na expressão visível do seu ser: o corpo.
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