Abstract
Objetivo: Avaliar, dentre os medicamentos mais prevalentemente prescritos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público de ensino, aqueles que demandam ajuste de dose conforme função renal e apresentar o papel do farmacêutico nesse cenário assistencial. Métodos: Foi realizado um estudo observacional transversal, sendo coletados dados das prescrições de medicamentos por meio de relatórios gerados pelo Sistema de Informação Hospitalar da instituição, no período de 2015 a 2019. Etapa 1: A partir da lista de todos os medicamentos prescritos no período em duas UTIs da instituição, realizou-se o cálculo de prevalência de prescrição. Para os 100 medicamentos com maior prevalência de utilização, foi realizada busca na plataforma Uptodate sobre a necessidade de ajuste de dose pela função renal. Os dados foram compilados em planilha do Microsoft Excel. Etapa 2: os dados compilados foram apresentados para cinco farmacêuticos clínicos da instituição que avaliaram a gravidade e probabilidade de ocorrência do eventual não ajuste de dose dos 10 medicamentos mais prevalentes que o requerem, utilizando a Hazard Score Matrix. Resultados: Dos 100 mais prevalentes, obteve-se um total de 34 medicamentos que necessitam de ajuste de dose, sendo as classes mais predominantes a dos antimicrobianos (41,2%), seguida daqueles relacionados ao sistema cardiovascular (20,6%) e daqueles relacionados ao sistema nervoso central (17,6%). Os medicamentos que apresentaram maior escore quando avaliados pela Hazard Score Matrix foram morfina e insulina regular, seguidos de enoxaparina e cloreto de potássio. Observou-se que o ajuste de dose é necessário não apenas para reduzir quadros de reações adversas ou nefrotoxicidade, mas também para garantir a efetividade terapêutica. Conclusão: Este estudo destacou a importância do ajuste das doses de medicamentos em pacientes críticos com disfunção renal. Muitos dos medicamentos frequentemente prescritos necessitam de alterações nas doses para garantir segurança e efetividade, especialmente aqueles classificados como de “alta vigilância” ou “potencialmente perigosos”, devido à sua faixa terapêutica estreita. A colaboração entre médicos e farmacêuticos é fundamental para a minimização de riscos nesse contexto. Ademais, a utilização de ferramentas de análise de risco, como o HFMEA, facilita a implementação de intervenções preventivas e protocolos de ajuste de dose.
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