Abstract

As relações intrínsecas entre materialidade e imaterialidade estão, cada vez  mais, sendo incorporadas no entendimento daquilo que se configura como patrimônio cultural e nas políticas de preservação. Na prática da preservação, essa indissociabilidade entre tangível e intangível mostra-se latente, a ponto de diagnosticar-se, em projetos de restauro, que a perda de um saber-fazer implica diretamente na perda do suporte material representativo de uma determinada cultura. Nesse contexto, este artigo parte do relato do desenvolvimento do Projeto de Restauro das Fachadas e Esquadrias do Fortim dos Emboabas, edificação de adobe do início do século XVIII, patrimônio cultural de São João del-Rei, Mina Gerais, para debruçar-se sobre a preservação do saber-fazer. Primeiro, buscamos mostrar como a perda de um saber associado a uma técnica construtiva pode conduzir, em última instância, às perdas materiais do bem cultural, ao abordarmos o uso de argamassas cimentícias sobre suportes de arquitetura de terra. Depois, levantamos algumas questões sobre a preservação da técnica e como ela tem sido abordada pelas políticas de preservação do patrimônio cultural. As análises mostram que, embora parta de uma visão holística do patrimônio por meio do conceito de referência cultural, a preservação das técnicas construtivas tradicionais ainda é vista como um fim para a preservação dos artefatos materiais e não como processo que encerra significados e é componente cultural vivo.

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