Abstract

A presença negra na Amazônia e notadamente no Amazonas tem uma histórica negação ou minoração. Parte por ter pertencido a outra colônia portuguesa nas Américas, o Grão Pará e Maranhão, integrado ao estado do Brasil após a independência desse último e que pelas características da região teve exploração econômica diferente em relação a outras regiões, com uso bem mais modesto de mão de obra escravizada negroafricana. Na segunda metade do século XIX havia uma não reduzida parcela de negros livres e libertos na população, além de um parcela menor de ainda escravizados. Outra parte da negação, vem da modernização trazida pelo fausto da borracha, a cidade de Manaus aspirava ser uma “Paris dos Trópicos”, essa aspiração cosmopolita da “Belle Epoque” se alinhava a outra, higienista, em que as figuras do negro e do indígena deveriam ser se não fisicamente eliminadas, ao menos ocultadas. O que acabou se tornando crença popular de não presença negra até muito recentemente. Nos últimos anos a academia se voltou à desconstrução dessa negação, através de várias pesquisas de pós-graduação, sobretudo em História. Parte das pesquisas tem utilizado o acervo histórico do arquivo do Tribunal de Justiça do Amazonas. Aliás o acervo foi premiado em 2018 com o selo “Memórias do mundo” da UNESCO, pelo conjunto documental “Africanos livres na Justiça amazonense do Séc. XIX”, sendo o primeiro e único acervo do estado a possuir tal distinção.

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