Abstract

Neste artigo, estuda-se o comportamento prosódico de orações adverbiais desgarradas no Português Brasileiro (PB) e no Português Europeu (PE), sendo utilizados o arcabouço teórico da Fonologia Prosódica (Nespor; Vogel, 1994) e da Fonologia Entoacional (Pierrehumbert 1980, Ladd 1996). Foram analisados 1800 dados de leitura (900 de cada variedade do português) e feitas aferições de duas pistas prosódicas: contorno melódico e duração das sílabas no fim do sintagma entoacional (IP). Os resultados revelam que o desgarramento na língua falada parece ser licenciado, primordialmente, tanto em PB quanto em PE, pela maior duração nas sílabas finais do IP. Para o PB, além da variação fonética dada pelo comportamento duracional das últimas sílabas do IP, o desgarramento é caracterizado por um padrão melódico diferente do verificado nas orações adverbiais anexadas à oração núcleo (majoritariamente, L+H*L% para as não desgarradas e L+H*H% para as desgarradas), o que sugere o fato de, para além da variação fonética, o fenômeno constituir um padrão fonológico diverso no português brasileiro.

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