Abstract

O presente artigo propõe uma análise comparativa entre ficções literárias de João Batista de Melo e Neil Gaiman, objetivando a identificação de elementos comuns no que tange à representação artístico-poética da infância e, por consequência, na percepção dos dois autores do que é (ou de como é a experiência de) ser criança. A metodologia empregada consistiu basicamente no cotejamento entre textos dos dois autores, feita com aporte teórico baseado em autores como Roni Natov (2003) e Manuel Jacinto Sarmento (2002), que trabalham questões relacionadas às culturas e poéticas da infância. O que esse processo revelou é que a composição poética que dá vida ao olhar infantil de determinados personagens pode ser vista como uma conarrativa, a qual se estabelece como uma lente junto do (ou sobre o) texto, permitindo ao leitor “vestir” este simulacro de percepção e sensibilidade infantis. Esta conarrativa é construída através de determinadas estratégias narrativas, como a representação do jogo simbólico, da fantasia e dos medos infantis, elementos que geram identificação no leitor e o transportam para “dentro” da criança representada. No fim, a promissora identificação destes elementos comuns nos levou ainda a propor um roteiro investigativo que pode ser aplicado como metodologia na análise de outras obras pertencentes ao âmbito das poéticas da infância, o que poderia auxiliar o estabelecimento, no longo prazo, de uma compreensão maior deste campo ainda pouco estudado. Palavras-chave: Poéticas da infância. Literatura brasileira. Literatura inglesa. João Batista de Melo. Neil Gaiman.

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