Abstract

O presente artigo centra energia na leitura da política soviética construída no calor revolucionário, isto é, o ato hermenêutico que parte do desdobramento da lama das batalhas reais e imaginadas travadas no afã da construção de um estado proletário. Trata-se de descarga político-militar com o propósito de salvaguardar o projeto de superação do capitalismo, diante do iminente perigo da contrarrevolução. Nesse sentido, o autoritarismo soviético foi, com efeito, de matriz militar, carregado de disciplina e hierarquia belicosa, genealogia antes encontrada nos manuais militares do que nos livros de política marxista emancipatória. É o que explica a emergência de uma sociedade militarizada da cabeça aos pés. O objetivo principal deste artigo é o de interpretação político-militar acerca do processo revolucionário russo de 1917, a fim de constituir uma paisagem do real vivido com base nas práticas belicosas que acompanharam a formação do Estado Soviético. Assim, é possível, ao longo do texto, inferir que há uma importante singularidade no contexto revolucionário em tela, momento de emergência das guerras totais, que impactou no devir do primeiro Estado Socialista do século XX.

Highlights

  • This article, in the form of a small essay, is focused on a reading of soviet politics built under the revolutionary fervor

  • A hermeneutic act that starts from the unfolding of the mud of the real and imagined battles fought in the eagerness of building the Proletary State

  • It consists in a political-military discharge with the purpose of safeguarding the project of overcoming capitalism, against the imminent danger of the counterrevolution

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Summary

Ronaldo Queiroz de Morais

O Partido Bolchevique antes era um partido operário socialista. Mas a revolução sob a égide do militarismo exacerbado encarregou-o de uma tarefa que deturpa profundamente sua natureza. A narrativa aqui posta abordará o processo revolucionário russo com base na leitura político-militar que o insere como guerra intermitente continuada por outros meios e que impactou a militarização da política civil, forjando uma sociedade de modelo militar sustentada pelo socialismo de caserna. Em vez de procurar na paixão revolucionária da esquerda, no ideal marxista revolucionário moderno e no culto da personalidade política as melhores explicações para a formação do estado autoritário soviético e também da bancarrota do socialismo real, traçamos outras veredas. É no teatro da guerra e na cultura de poder que emerge da lama das batalhas que é possível construir explicações para o malogro da mais importante experiência revolucionária moderna do século XX, laboratório social reformador que transformou a utopia política da esquerda em distopia militar com a construção do Socialismo de Caserna. O “socialismo de caserna” resultou dos imperativos históricos que viabilizaram a produção e reprodução do poder soviético expresso por meio do Estado que, progressivamente, estendeu a cultura militar à política civil

DA GUERRA TOTAL À GENEALOGIA DO BOLCHEVISMO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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