Abstract

O objetivo deste artigo é analisar representações textuais de sacerdotes considerados praticantes de rituais que envolviam cortes de seus órgãos genitais. Tais intervenções, tratadas aqui como castrações, foram vistas como perda da virilidade e transgenerização para o feminino na literatura greco-romana do período imperial. Sacerdotes castrados podem ser percebidos no mito de Átis (o consorte da deusa frígia Cibele, a Magna Mater), na literatura sobre os sacerdotes dessa deusa (os galli) e nas representações textuais dos sacerdotes da deusa síria Atargátis e do imperador Heliogábalo (218–222). Como não há relatos dessas práticas deixados por seus praticantes, grande parte da documentação que temos sobre os sacerdotes castrados se refere às representações feitas por seus críticos. Diante disso, as fontes utilizadas para o estudo que se apresenta são compostas de textos literários greco-romanos. Neste artigo, tais textos serão analisados à luz de uma perspectiva interseccional, pensando a descrição dos sacerdotes a partir da construção do outro não greco-romano e das normativas de gênero para o uir, o cidadão das camadas abastadas do Império Romano.

Highlights

  • Os sacerdotes castrados e emasculados aparecem na literatura, especialmente, ligados à mitologia da deusa Cibele, a Magna Mater (Grande Mãe) dos romanos, cuja história envolve o corte dos membros viris de seu consorte Átis, o que teria originado um tipo de sacerdote tido como emasculado, que realizava o culto da Grande Mãe, o gallus

  • “WHY, WE CALL GALLUS THE ONE WHO IS CASTRATED [...]?” INTERSECTIONALITY IN REPRESENTATIONS OF CASTRATED PRIESTS IN

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Summary

Introdução

Os sacerdotes castrados e emasculados aparecem na literatura, especialmente, ligados à mitologia da deusa Cibele, a Magna Mater (Grande Mãe) dos romanos, cuja história envolve o corte dos membros viris de seu consorte Átis, o que teria originado um tipo de sacerdote tido como emasculado, que realizava o culto da Grande Mãe, o gallus. Tal rito a Elagabal, em minha leitura, tinha como componente práticas de intervenção no corpo do sacerdote, o que fez com que a imagem de Heliogábalo nos textos do Império Romano fosse transmitida carregada de hipérboles e demais exageros retóricos, trazendo seu desejo em cortar seu pênis e fazer uma vagina em seu corpo na visão de seu principal crítico, o escritor Dião Cássio, contemporâneo de Heliogábalo. Há uma série de textos escritos em latim e em grego, do período romano, que apresentam estes sacerdotes considerados emasculados em seu corpo, suas vestimentas e suas performatividades, muitas vezes em tom de zombaria e, em geral, de forma bastante negativa. No entanto, não há informações em si das práticas de tais

Refiro-me aos textos
Representações de sacerdotes castrados no Império Romano
Considerações finais
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