Abstract

O propósito deste texto consiste em resgatar e discutir experiências realizadas no campo das políticas curriculares da/na educação escolar indígena, inspiradas diretamente pela Etnomatemática ou com ela capazes de estabelecer substantivas conexões, em especial diante do contexto de rápida expansão do contágio do vírus Covid-19. Para isso, consideram-se as pesquisas-práticas-políticas recentemente mobilizadas por membros-pesquisadores do Grupo de Estudos e Pesquisa em Etnomatemática (GEPEm) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, que têm se dedicado ao currículo e às suas políticas em seus estudos e investigações. Valemo-nos dos graves aprendizados decorrentes da experiência ameaçadora da Pandemia em que nos encontramos para compreender o território das políticas curriculares como local privilegiado para os debates que ensejam diferentes, contraditórios e complexos, pontos de vistas, interesses e relações de poder desiguais. Nesse contexto, tratamos de possíveis e potenciais contribuições das pesquisas sobre os currículos, inspiradas pela Etnomatemática, para tensionar e desestabilizar as compreensões de currículo (e) de matemática, ao passo em que também apresentamos e discutimos político-práticas capazes de nos oferecer subsídios consistentes, necessários à resistência e à reinvenção curricular que propomos.

Highlights

  • “Olha para a frente menino”, diz o professor

  • Representar, interagir e intervir no/com o mundo compõem sistemas complexos que, sob a perspectiva da Etnomatemática que adotamos, “incluem, invariavelmente, em todos os tempos e lugares no mundo, estratégias de observação, de comparação, de classificação, de avaliação, de quantificação, de mensuração, representação, inferência e comunicação”, conforme elucida D’Ambrosio (2020, p. 7, tradução nossa)

  • Assim como práticas de inspiração matemática – querendo nos remeter às estratégias mencionadas acima – vêm resolver os problemas relacionados no cotidiano de uma comunidade distinta com seus usos, costumes e tradições próprios passados de geração em geração, as perspectivas da Etnomatemática também contemplam e proporcionam uma ligação muito forte com relação ao cotidiano indígena, em que, por meio de observação e percepção da natureza que rodeia essa determinada cultura, pode-se prever inúmeros acontecimentos com o propósito de auxiliar e melhorar a vida no contexto e meio ambiente em que acontece o fato

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Summary

INTRODUÇÃO

Mas é possível voltar? Digamos que seja. Nossa pergunta não é essa. Diante desta nova realidade em que nos encontramos, está em nossas mãos, educadores, propiciar uma reflexão sobre como os princípios e pressupostos da Etnomatemática, bem como suas experiências mobilizadas em práticas-políticas-pesquisas, podem orientar ou têm orientado as concepções e as práticas da educação indígena – em especial, da escola indígena vista como diferenciada em termos político-culturais – que deve ter à frente dela educadores indígenas formados para uma prática pedagógica ancorada na interculturalidade. Assim como práticas de inspiração matemática – querendo nos remeter às estratégias mencionadas acima – vêm resolver os problemas relacionados no cotidiano de uma comunidade distinta com seus usos, costumes e tradições próprios passados de geração em geração, as perspectivas da Etnomatemática também contemplam e proporcionam uma ligação muito forte com relação ao cotidiano indígena, em que, por meio de observação e percepção da natureza que rodeia essa determinada cultura, pode-se prever inúmeros acontecimentos com o propósito de auxiliar e melhorar a vida no contexto e meio ambiente em que acontece o fato. Tratamos de possíveis e potenciais contribuições das práticas-políticas curriculares apresentadas para tensionar e desestabilizar as compreensões de currículo (e) de matemática, ao passo em que também apresentamos e discutimos político-práticas capazes de nos oferecer subsídios consistentes, necessários à resistência e à reinvenção curricular que propomos para quando “voltarmos” – “revoltarmos”

A PANDEMIA É UM PEDIDO DE SILÊNCIO
UM CASO DE POLÍTICAS CURRICULARES SOBRE A EXISTÊNCIA NA
POÉTICAS CURRICULARES5 EXISTENTES E RESISTENTES PARA ADIAR O FIM DO MUNDO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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