Abstract
Pretende-se refletir, a partir da história do povo Chiquitano, originalmente um conjunto de mais de vinte etnias que foram aldeadas pelos jesuítas na missão de Chiquitos, elementos de sua identidade e etnicidade contemporâneas. A proposta que se apresenta é a de entender como se situam atualmente as identidades, relacionadas com as territorialidades experienciadas na Bolívia e no Brasil, uma vez que este povo está atualmente cindido parcialmente pelo fato de terem sido fracionados em duas partes a partir da divisão dos estados nacionais. O fato de viverem em um ou outro país provoca diferentes experiências e proposições identitárias; no entanto, até a década de 1980, a fronteira entre os dois países, ainda não totalmente institucionalizada, permitia um trânsito de um para outro lado, mas para além disso, permitia relações sociais e manutenção de redes de parentesco. Como se desenham as identidades atualmente, na diversidade territorial e histórica? Como estão desenhadas as territorialidades dos Chiquitanos na Bolívia e no Brasil se as políticas indigenistas são distintas? Como ocorrem as autoidentificações, sendo que há distintos conceitos para “índios” – aqui, povos indígenas e, na Bolívia, “campesino” ou “pueblos originales”? De que maneira o reconhecimento oficial da etnicidade dos Chiquitanos no Brasil trouxe novos elementos suscitadores de conflitos? Estas são questões que se pretende responder neste artigo.
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