Abstract

Este artigo busca, a partir dos estudos pós-coloniais, da sociologia das relações raciais e de dados de pesquisas bibliográficas acerca das culturas infantis, problematizar a educação das crianças pequenas em contextos históricos e sociais marcados por processos de racialização. Trata-se de inquietações que emergem de pesquisas realizadas em um contexto transnacional Brasil-Itália, preocupadas em compreender o lugar das crianças no debate a respeito de cidadania e direitos, tendo em vista realidades marcadas pela imigração e por históricas relações étnico-raciais que resultam em fenômenos sociais, culturais e políticos pautados na segmentação e segregação social e racial. No contexto italiano, analisa-se a Educação Infantil e os desafios que o movimento migratório das últimas décadas coloca para as creches e pré-escolas, em termos interculturais. No Brasil, retoma-se a trajetória histórica de construção de uma pauta político-educacional que envolva a diversidade cultural e étnico-racial, frente à monoculturalidade, encaminhando perspectivas no campo da interculturalidade. Com base nas análises, pode-se destacar que os efeitos do racismo são semelhantes entre os dois países, pois correspondem a uma forma de estruturação da sociedade, mas com características distintas em sua forma de segregação e hierarquização, colocando um desafio à construção de práticas pedagógicas para a infância nos dois países.

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