Abstract
Propõe-se com este estudo investigar como práticas discursivas e não discursivas, legitimadas por relações de saber e poder, produziram historicamente corpos femininos negros, em Goiás, no século XIX. Para tanto, interpela-se processos jurídicos e policiais, particularmente, queixas crime, que permitem discutir a maquinaria de construção de mulheres negras, indicando como os eixos de poder: gênero, raça e/ou condição social atravessam esse processo. O argumento que defendemos é que o processo de fabricação de mulheres negras, em diferentes materialidades discursivas, sugere as investidas do controle moral sobre uma parcela social mais pobre, efetivada, com maior aparato, a partir de fins do século XIX e início do XX. A ideia estava em controlar, subalternizar, discriminar, disciplinar e punir comportamentos e valores incompatíveis com as normas morais, sexuais e mesmo amorosas. O propósito de tal vigilância estava na construção de uma sociedade disciplinar e econômica, incidindo-se fortemente nas mulheres negras e pobres, com o objetivo de torna-las dóceis, úteis e ordeiras.
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