Abstract
Este artigo analisa a obra “Os transparentes” do escritor angolano Ondjaki, a partir dos conceitos de memória, nostalgia e ficção, no cenário da cidade de Luanda, entendida como metáfora de Angola. Recorrendo aos trabalhos de Baccega sobre “Mayombe” de Pepetela, inicia-se a exposição traçando o contexto em que se inscreve o romance de Ondjaki. Assinala-se, a partir de excertos da obra, como o autor ficciona personagens e interesses da cidade de Luanda, nomeadamente os de uma elite afeta ao ex-presidente, que governou o país por cerca de quarenta anos. Em seguida, evocando mais uma vez Baccega, analisa-se como são construídas as personagens, numa dicotomia ganhadores/perdedores, e num cenário urbano progressivamente caótico e corrumpido, onde a memória e a nostalgia são âncora da resiliência dos despossuídos. Por fim, são mapeadas as referências e o papel das mídias, com principal relevância para o Jornalismo em Angola e a influência das telenovelas brasileiras.
Highlights
This article analyzes the work Transparent City of the Angolan writer Ondjaki, based on the concepts of memory, nostalgia and fiction, in the scenario of Luanda city, understood as a metaphor for Angola
444 “os transparentes” de ondjaki we analyze how characters are constructed, in a dichotomy of winners/losers, and in a progressively chaotic and corrupt urban scenario, where memory and nostalgia are the anchor of dispossessed resilience
Pretende-se prosseguir na mesma trilha de Baccega e analisar como, cerca de 40 anos depois, Ondjaki, um jovem escritor, interlaça literatura, ficção e história, no sentido de construir um grande
Summary
This article analyzes the work Transparent City of the Angolan writer Ondjaki, based on the concepts of memory, nostalgia and fiction, in the scenario of Luanda city, understood as a metaphor for Angola. Na sua tese de doutoramento em Letras, defendida na Universidade de São Paulo, em 1986, intitulada Mayombe: ficção e história (uma literatura em movimento), debruçou-se sobre a literatura angolana, elegendo para análise a obra clássica Mayombe (1980), do escritor angolano Pepetela.
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have