Abstract

Este artigo tem como objetivo investigar a consolidação da Colônia Correcional de Dois Rios (CCDR), na Ilha Grande, entre os anos de 1908 e 1930. A Colônia recebeu os pequenos contraventores que perambulavam pela cidade, mas também, quando necessário, um número grande de presos políticos, entre eles, estrangeiros, que se tornavam uma ameaça devido ao fortalecimento do movimento anarquista. A história dessa instituição nos mostra uma tensão constante entre o teor da lei e práticas autoritárias, entre princípios liberais e positivistas, bem como entre o discurso da ordem e uma violência arbitrária e sem controle associada às práticas punitivas, direcionadas aos setores menos favorecidos da sociedade.

Highlights

  • O que pode ser constatado a partir dos registros examinados é que, para a Colônia, eram enviados os reincidentes e habituais, ou seja, aqueles que davam mais problemas às autoridades policiais

  • Uma análise comparativa entre os gastos realizados pelas diversas instituições carcerárias do período nos mostra que a falta de verbas não poderia ser a única explicação para as condições precárias encontradas na Colônia

  • The objective of this article is to investigate the consolidation of a penitentiary establishment called “Colônia Correcional de Dois Rios”, at Ilha Grande, Rio de Janeiro, between the years 1908 and 1930

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Summary

A Distância entre Leis e Práticas

Poucos meses após a posse de Afonso Pena, em março de 1907, foi realizada uma grande reforma nas forças policiais do Distrito Federal.[6]. (...) esta ilha tem muitas léguas de circunferência, cheia de montanhas, cachoeiras, florestas e pedreiras e os correcionais trabalham soltos no campo, mal fiscalizados à falta de guardas, e de praças de polícia (...) Por estes motivos me parece que V.Ex. justiceira como é, concordará em não consentir que continuem a vir menores para esta Colônia, porque aqui eles nem se educam, nem se preparam para o trabalho.[10]. O controle do Estado sobre autoridades locais era precário.[16] Em carta de 16 de maio de 1920, o diretor Benvindo Meira enviou um ofício ao Chefe de Polícia do Distrito Federal, Desembargador Geminiano da Franca, declarando que não podia arcar com o custo da alimentação dos 658 correcionais e que, como a verba só comportava 570 deles, ou seja, 88 correcionais ou mendigos se alimentavam das sobras do rancho geral. Aqueles que iam para a Ilha Grande desapareciam da visão dos habitantes da metrópole; muitos lá eram esquecidos ou morriam

A Marca e Exclusão Social do Preso
O Início do Cerco aos Manifestantes Políticos
A Regulamentação das Prisões Políticas
A Multiplicação das Ilhas de Desterro
São Paulo
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