Abstract

Este trabalho segue as pistas de um comentário feito por Stuart Hall acerca de sua própria trajetória, por ele qualificada a partir da ideia de “prisma de formação caribenha”. O tema é abordado aqui pelo escopo da emancipação, argumentando que a busca pela realização de universais políticos, em particular o de liberdade, ganha tons específicos no mar do Caribe. Esses tons são, em última instância, onde reside o potencial descolonizador do ser, tal como fora desenvolvido por Nelson Maldonado-Torres. Discute-se como uma tradição de discussão sobre a temática da emancipação que remonta a Hegel é nas mãos de um autor caribenho, Fanon, deslocada por tal prisma de formação caribenha. Por fim, argumenta-se que o movimento realizado por Fanon não se limita apenas à sua obra, mas encontra expressão intelectual em outros autores da região, e que uma Sociologia Política do Atlântico Negro deve levar a sério esse engajamento específico possibilitado pelo “prisma” como categoria analítica.

Highlights

  • Recebido em 2017-08-03. aprovado em 2018-10-07 in the Caribbean Sea

  • This work follows the lead of a commentary made by Stuart Hall concerning his own trajectory, which he qualifies by the idea of “prism of Caribbean formation”

  • These shades are, where lies the decolonizing potential of being as it had been developed by Nelson Maldonado-Torres. It discuss how a tradition of debates around the subject of emancipation that dates back to Hegel is in the hand of a Caribbean author displaced by such prism of Caribbean formation

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Summary

Os Primeiros se Encontram

A filosofia ocidental, durante muito tempo, colocou o “eu” como filosofia primeira. O “penso, logo existo” de Descartes – embora tenha inaugurado uma tradição de estudos mais voltados ao primeiro verbo, o pensar, do que o segundo, existir (MALDONADO-TORRES, 2007) – fundava um tipo de reflexão que trazia no seu centro a subjetividade como ponto de partida, que posteriormente, na tradição fenomenológica, apareceria como a ontologia como filosofia primeira. Para Hegel, o projeto crítico de Kant não havia caminhado longe o suficiente na medida em que preservava intacta uma antiga dualidade: a do sujeito e do objeto. Kant fez um bom trabalho em nos chamar a atenção para as categorias a priori que regem nossa percepção dos fenômenos no mundo, entretanto, uma filosofia verdadeiramente racional apenas poderia surgir se as determinações do sujeito e as determinações do objeto fossem as mesmas. Decorre daí que a consciência que se arriscou se torna senhor, é ao mesmo tempo em-si e para-si, pois tem uma consciência a ela dependente que sustenta essa ontologia. A outra consciência, a derrotada da luta, é apenas em-si, uma vez que não consegue realizar sua liberdade e fica presa em sua objetividade, sua “coisidão”, dependente do senhor, ela se torna escrava.

Os Primeiros Encontram os Últimos
Os Últimos Serão os Primeiros
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